Quase uma centena de lesados do Banif contesta em tribunal a venda do banco e exigem indemnização. Para já são 90 os clientes e accionistas que estão a impugnar a resolução do banco.
Miguel Reis, um dos advogados, que já tinha sido contratado por alguns dos lesados do BES, disse à Renascença que este número dever aumentar. “Temos mensagens de outras pessoas e, por isso, acreditamos que este número vai crescer por via do incidente de intervenção principal, que nós vamos adoptar, tal como adoptámos nas acções do BES”, explicou.
No final da passada semana foi entregue no Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa uma acção de Impugnação da resolução e venda aos espanhóis do Santander.
“Entendemos que não há fundamento para a resolução, que é uma medida desastrosa, tanto para os accionistas como para os demais investidores e, sobretudo, para o erário público. Assistimos a um paradoxo que é o de, por causa de um eventual incumprimento no pagamento de 125 milhões de euros dos tais produtos financeiros - da aplicação financeira no Banif-, se obrigar o Estado, também com fundamentos duvidosos, a envolver mais 2.250 milhões de euros, ainda por cima para prejudicar os accionistas e os demais investidores e para favorecer de forma descarada, já houve uma deputada que lhe chamou ‘criminosa’, um banco espanhol”.
Contas apuradas até ao último alfinete
O advogado Miguel Reis, diz que esta acção, contra as decisões tomadas pelo Banco de Portugal, é para levar até às últimas consequências. Se não tiverem uma resposta da justiça portuguesa seguem para o Tribunal Europeu.
“Seja no tribunal português, seja no Tribunal de Justiça, esta medida deve ser anulada. O objectivo dos nossos clientes é serem ressarcidos nos prejuízos que lhes causaram de forma desonesta e grotesca”, sublinha.
O advogado lembra que as pessoas mantiveram os investimentos no Banif e outras investiram depois de 2013, “porque as enganaram” e lhes disseram que era muito seguro ser sócio do Estado! Um Banco que tinha 12 mil milhões de activos e seis mil milhões de depósitos.
“Entre os depósitos e o valor dos activos há seis mil milhões de diferença! Nós queremos as contas e que sejam apuradas até ao último alfinete. Não podemos continuar a assaltar bancos de forma impune, não pode ser!”, garante.