O advogado de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, disse este domingo à imprensa brasileira que o político recebeu um convite do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, para visitar Israel.
Wajngarten assegurou que irá apresentar esta semana um recurso a pedir ao STF que devolva o passaporte de Bolsonaro e autorize o antigo chefe de Estado a fazer esta viagem.
Bolsonaro foi obrigado a entregar o passaporte e proibido de sair do Brasil em 08 de fevereiro, enquanto o STF investiga a alegada participação do político numa suposta conspiração para promover um golpe de estado contra o atual Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
Aliado incondicional de Netanyahu e forte crítico do movimento islamita palestiniano Hamas, o ex-presidente do Brasil que considera um grupo terrorista, pretende visitar Israel para expressar apoio à ofensiva na Faixa de Gaza.
Bolsonaro garantiu na sexta-feira, num evento político em Salvador, no nordeste do Brasil, que recebeu um convite de Netanyahu para visitar "aquela região de conflito". "Ou melhor, de massacre, de covardia, de alvo de terrorismo praticada pelo Hamas contra Israel", acrescentou.
Wajngarten explicou que o recurso vai mencionar as datas em que Bolsonaro pretende sair e regressar ao Brasil, bem como detalhes sobre a agenda em Israel, que incluiria visitas a familiares de israelitas capturados pelo Hamas em 07 de outubro e que ainda permanecem reféns.
O advogado defendeu que o STF não tem motivos que justifiquem a retenção do passaporte de Bolsonaro, até porque o ex-Presidente só aparece no processo como investigado e não foi indiciado.
A investigação está centrada no motim de 08 de janeiro de 2023, quando, uma semana após a posse de Lula da Silva, milhares de ativistas de extrema-direita invadiram e vandalizaram os edifícios do STF, do Congresso e do Palácio do Planalto, em Brasília.
Durante as investigações, a polícia encontrou provas de uma conspiração, entre as quais uma minuta de decreto que Bolsonaro discutiu com colaboradores e com os militares para impor o "estado de sítio", intervir no STF e no Tribunal Eleitoral e invalidar as eleições.
Lula da Silva, durante uma viagem à Etiópia, onde participou na Cimeira da União Africana, em meados de fevereiro, afirmou que "o que está acontecendo na Faixa Gaza não existe em nenhum outro momento histórico".
"Aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus", completou.
Estas declarações desencadearam uma onda de confrontos diplomáticos entre os dois países e levaram o Estado de Israel a considerar o chefe de Estado brasileiro 'persona non grata'.
A crise diplomática foi agravada pela insistência do chefe de Estado brasileiro em chamar a atual guerra em Gaza de genocídio.