Os trabalhadores das Misericórdias estão em greve, em defesa de melhores condições salariais, reivindicando o pagamento de direitos instituídos há mais de 20 anos e as compensações devidas pelo trabalho durante a pandemia de Covid-19.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), em causa estão questões como o pagamento de diuturnidades previstas na portaria de regulamentação do trabalho para o setor social, que data de 1996, e atualizações salariais, mas também problemas mais recentes, como o trabalho suplementar prestado durante a pandemia sem o pagamento de qualquer compensação.
Uma situação desgastante para muitos trabalhadores, como explicou à Renascença Célia Lopes do (CESP). “Estes trabalhadores estão a ser escalados para trabalharem sete dias consecutivos, 12 horas por dia, alguns estão obrigados a ficarem 24 sobre 24 horas no interior das instalações sem podem contactar com as suas famílias. Estes trabalhadores são essenciais e têm que ser valorizados.”
Os trabalhadores das misericórdias exigem ainda que o Ministério do Trabalho constitua uma comissão técnica para revisão dos salários destes profissionais.
A União das Misericórdias admite que a situação é difícil, mas considera que não são as instituições o alvo dos protestos, mas sim o Estado. “Quase que me apetecia juntar aos trabalhadores. Penso que os sindicatos estão um bocadinho a errar o alvo: o alvo é o Estado, pois enquanto não ajustar as suas comparticipações sobre o custo real das respostas, penso que há aqui um evidente desfasamento”, alerta Manuel Lemos.
Além da greve, os trabalhadores promovem uma concentração de manhã junto da sede da União das Misericórdias Portuguesas e outra, à tarde, junto do Ministério do Trabalho, onde marcará também presença a secretária-geral da CGTP, Isabel camarinha.