Evacuação de Alepo. Milícias atingem ambulâncias que transportavam feridos
15-12-2016 - 07:45

Retirada foi agendada após ter entrado em vigor um novo cessar-fogo. A ONU fala numa situação de colapso total da humanidade na cidade mártir.

A primeira coluna humanitária, de 20 autocarros e 10 ambulâncias, já começou a sair da cidade síria de Alepo, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos. No entanto, a evacuação não está a ser pacífica.

De acordo com agência Reuters, que cita a Orient TV, elementos das milícias pró-regime atingiram uma coluna de ambulâncias que tentava sair da cidade mártir. Há registo de, pelo menos, um morto e alguns feridos. Posteriormente, contudo, a Cruz Vermelha Internacional disse que da sua parte a operação de retirar 200 feridos estava já a decorrer.

Esta tentativa de evacuação foi agendada depois de um novo cessar-fogo ter entrado em vigor. De acordo com fonte do governo russo, está a ser monitorizado por drones e já foi criado um corredor de segurança para cerca de duas dezenas de autocarros e 10 ambulâncias.

A Rússia acrescenta que o regime de Bashar Al-Assad garante a segurança de todos os que saírem de Alepo.

Nos últimos minutos surgiu também a informação de que outra coluna de ambulâncias está a caminho das aldeias de al-Foua e de Kefraya, que estão cercadas por rebeldes, para evacuar os habitantes que são pró-regime. A evacuação destas pessoas foi uma condição imposta na quarta-feira pelo Irão, que apoia o regime de Damasco, para garantir o cessar-fogo em Alepo.

Um cessar-fogo foi negociado na terça-feira pela Rússia, o aliado mais poderoso do Presidente sírio Bashar al-Assad, com a Turquia para acabar com os combates em Alepo, mas a evacuação programada dos distritos rebeldes ficou bloqueada na quarta-feira quando ataques aéreos e bombardeamentos atingiram a cidade.

O exército sírio diz que o número de pessoas que querem sair de Alepo é 15 mil, incluindo quatro mil rebeldes, embora os capacetes brancos da Síria estimem que estejam mais de 100 mil pessoas cercadas na parte da cidade que até terça-feira era controlada pelas forças opositoras do regime. A verificação destas informações é difícil, pois não se encontra actualmente nenhum observador independente no terreno, apesar dos numerosos apelos das Nações Unidas e outras entidades internacionais.

Vive-se o "inferno" na cidade

A ONU alerta para uma situação de colapso total da humanidade na região oriental de Alepo. O porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos fala em “inferno” para descrever a situação na zona ainda controlada pelos rebeldes.

As forças governamentais sírias, apoiadas pelas forças aliadas russas e por milícias xiitas do Irão e do Líbano, lançaram há três semanas uma ofensiva para recuperar a zona leste de Alepo, um bastião rebelde desde 2012.

Dos 275 mil civis que se estimava viverem na zona controlada pelos rebeldes quando foi lançada a ofensiva, cerca de 70 mil fugiram nos últimos dias, na sua maioria para centros de deslocados, montados pelo Governo, na parte oeste da cidade, onde segundo a ONU existem dificuldades para acolher e alimentar estas pessoas.

[Notícia actualizada às 11h39]