O presidente do Brasil disse que os protestos convocados por si e seus apoiantes para dia 7 de setembro, data em que se comemora a independência do país, serão para defender a liberdade de expressão e o voto impresso.
"Essa manifestação agora, a grande pauta vai ser a liberdade de expressão. Não pode uma pessoa do Supremo Tribunal Federal [STF] e uma do Tribunal Superior Eleitoral [TSE] se arvorarem agora como as donas do mundo e que tudo decidem no tocante a esse ponto, liberdade de expressão", disse Bolsonaro durante uma entrevista à rádio Fonte, de Goiás, esta segunda-feira.
Nas últimas semanas, o líder brasileiro tem atacado e provocado atritos com o poder judiciário por defender o voto impresso nas eleições, proposta que já foi derrotada em votação no Congresso, e também porque ele e alguns dos seus apoiantes políticos foram alvo de inquéritos, mandados de busca e prisão devido a discursos e ameaças que manifestam contra membros do sistema judiciário e a democracia.
Bolsonaro reiterou os seus ataques ao sistema de votação eletrónica que é utilizado no Brasil desde 1996 e que, até agora, não foi objeto de denúncia de fraude e insistiu que o mesmo não é confiável, sem apresentar qualquer prova.
O presidente brasileiro também manteve a sua campanha para desqualificar o STF e protestou contra sanções impostas a ativistas de extrema-direita que o apoiam e foram acusados de espalhar notícias falsas e promover ataques contra instituições democráticas.
Bolsonaro citou especificamente os casos do deputado federal Daniel Silveira, que ameaçou membros do STF e violou medidas restritivas sobre o uso de uma tornozeleira electrónica, um jornalista chamado Oswaldo Eustáquio acusado de espalhar mentiras e ameaças e o presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) Roberto Jefferson, que é aliado do Governo brasileiro e recentemente foi preso por ameaçar juizes do STF.
"Não podemos admitir um deputado federal preso, não interessa o que ele falou, bem como jornalista preso e presidente de partido preso também. Não justifica isso daí", declarou o chefe de Estado brasileiro.
Bolsonaro também foi questionado sobre um discurso que proferiu no último fim de semana, também em Goiás, quando disse que tem três alterativas para o futuro: estar preso, morto ou num novo mandato de presidente do Brasil.
"Quis dizer que está uma pressão muito grande", justificou, citando o inquérito das 'fake news' aberto pelo Supremo Tribunal Federal e no qual consta como investigado.
De acordo com Bolsonaro, o juiz do STF Alexandre de Moraes, relator do inquérito sobre atos antidemocráticos e uma alegada rede criminosa que atua disseminando notícias falsas no país, aguarda para aplicar uma sanção restritiva contra si quando ele deixar o Governo.
"Alexandre de Moraes me colocou no inquérito das fake news, o inquérito do fim do mundo. Inquérito sem participação do Ministério Público. O que eles querem com isso aí? Aguardar o momento para me aplicar uma sanção restritiva, quem sabe quando eu deixar o Governo lá na frente", concluiu.