O sociólogo Manuel Carvalho da Silva diz que o Papa Francisco deixou uma mensagem muito forte aos jovens, no discurso no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, quando diz que eles devem ser a força transformadora.
Em declarações à Renascença, o antigo líder da CGTP refere ainda outra inovação no discurso do Papa quando defende que capital humano é a educação, o estado social e não a pessoa em si.
“Ele fala de capital humano de uma forma bastante inovadora. É um conceito que precisa mesmo a deste acerto que que o Papa Francisco lhe vem colocar, porque ele diz que o verdadeiro capital humano é a educação, a saúde, o Estado social e não é a pessoa em si, muito menos a pessoa para ser explorada no trabalho. Eu acho esse aspeto extraordinário”, refere Carvalho da Silva, em declarações à Renascença.
O sociólogo refere ainda outro ponto do discurso do Papa, lembrando a “boa política” e a necessidade de corrigir os desequilíbrios económicos.
“A denúncia das desigualdades que o Papa foca, associado a uma outra coisa que muitas vezes esquecemos quando abordamos estes temas que é imperiosa a reconstrução de alianças intergeracionais. E isso também só é possível pelo equilíbrio da educação, dimensões que o Papa também fala neste texto”, adianta Carvalho da Silva.
Manuel Carvalho da Silva elogia este texto do Papa Francisco e deixa uma pergunta à organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), se ao preparar o evento foram acauteladas estas preocupações do Papa para preparar os jovens para o mundo do trabalho, para discutirem a escola.
“O que é que foi feito, por exemplo, para preparar os jovens para os desafios que o trabalho lhes coloca, para intervirem para serem indivíduos conscientes dos seus deveres e direitos. Julgo que na preparação da JMJ estes aspetos ficaram de fora, e que são no fundo o essencial do discurso do Papa”, conclui Manuel Carvalho da Silva.