"Rui Rio está cansado" e não se recandidata, diz Carlos Carreiras
14-10-2021 - 06:30
 • Manuela Pires

Ainda sem candidatos assumidos à liderança do partido, o Conselho Nacional do PSD reúne-se esta quinta-feira para marcar as datas das eleições diretas e do congresso e analisar o resultado das eleições autárquicas. Rui Rio vem agora defender o adiamento da decisão por causa do Orçamento do Estado. Os críticos de Rui Rio já só pensam numa alternativa à liderança e muitos assumem publicamente o apoio ao eurodeputado Paulo Rangel, é o caso de Miguel Pinto Luz e de Miguel Relvas.

Enquanto esperam pela decisão de Paulo Rangel de se candidatar à liderança do PSD, os críticos de Rui Rio aguardam também uma clarificação por parte do presidente do partido. Em entrevista à Renascença, Carlos Carreiras diz estar convencido que Rui Rio não se recandidata.

“Penso que o atual líder do PSD está cansado da vida política e do partido e eu ficarei muito surpreendido se ele apresentar a sua recandidatura”, refere o autarca de Cascais.

Carlos Carreiras, que reforçou a maioria absoluta na Câmara de Cascais nas autárquicas de setembro, reconhece que o PSD teve algum ganho de oxigénio nestas eleições com a vitória importante em Lisboa.

Carreiras diz à Renascença que, desta vez, não vai envolver-se em nenhuma das candidaturas à liderança do PSD, mas defende que é necessária uma alternativa forte capaz de vencer as legislativas em 2023 e garante que o PSD continua a cometer erros.

“Fazer um Conselho Nacional num momento em que todo o país está a discutir o Orçamento do Estado. Está o país a discutir o país e o PSD a discutir para dentro o que nada engrandece o partido”, afirma Carlos Carreiras.

O Conselho Nacional desta quinta-feira vai marcar as datas das eleições diretas e do congresso e analisar os resultados das autárquicas.

A direção do partido sugeriu esta quarta-feira o dia 4 de dezembro, mas pouco tempo depois Rui Rio chamou os jornalistas para recuar e dizer que, perante a possibilidade de o Orçamento do Estado não passar, “o PSD pode ser apanhado em plenas diretas, com um congresso a realizar em janeiro ou fevereiro e completamente impossibilitado de disputar umas eleições legislativas taco a taco”, afirma o líder social-democrata.

Miguel Pinto Luz não espera novidades e diz que é apenas para cumprir calendário, “não antevejo qualquer clarificação neste conselho nacional”, diz o antigo candidato à liderança do PSD.

Questionado pela Renascença sobre se Rui Rio devia já esclarecer se é recandidato, o vice-presidente da Câmara de Cascais diz que tem “a liberdade de fazer a sua reflexão”.

À espera do anúncio de Paulo Rangel

Miguel Pinto Luz, que nas últimas eleições diretas conseguiu 10%, não vai a jogo desta vez, mas já disse que quer um líder afirmativo na oposição, que não seja sectário e que tenha uma visão de mundo global.

Em declarações ao programa Casa Comum da Renascença, é muito claro: “se Paulo Rangel avançar para uma candidatura eu não escondo que estarei a seu lado disponível para essa caminhada”.

E não é o único. Miguel Relvas, ex-ministro dos governos de Durão Barroso e Pedro Passos Coelho revela também que o eurodeputado “é aquele que tem melhores condições para assumir a liderança do PSD”.

O Conselho Nacional reúne-se pela primeira vez em Lisboa no mandato de Rui Rio, depois da vitória de Carlos Moedas para a câmara municipal.

Questionado no início da semana pelos jornalistas, o presidente eleito da câmara da capital avisa desde já que não vai envolver-se nas eleições internas. “Não direi nada sobre os candidatos à liderança, agora estou focado na Câmara de Lisboa e não vou fazer qualquer comentário sobre esse assunto”, refere Carlos Moedas.

Sem abrir o jogo continua ainda Paulo Rangel. Apesar de muitos lançarem o seu nome na corrida à liderança do PSD, o eurodeputado, que foi agora reeleito vice-presidente do PPE no Parlamento Europeu, diz que vai ao Conselho Nacional porque é a sua “obrigação” e não tem qualquer expectativa quanto a uma clarificação por parte de Rui Rio.

“Eu não sou adivinho, eu vou estar no Conselho Nacional como conselheiro nacional e verei o que se vai passar”, referiu aos jornalistas esta terça-feira. O eurodeputado foi eleito conselheiro nacional no último congresso nas listas de Rui Rio.