“Contra o peso excessivo das mochilas escolares” é o nome da petição que reuniu, em apenas três semanas, cerca de 15 mil assinaturas, o que permite que dê entrada no Parlamento. Mas os signatários querem atingir as 20 mil para obrigar os deputados a legislar sobre o assunto.
A iniciativa foi lançada por um actor, uma jornalista e dois médicos, avança o “Diário de Notícias”, esta segunda-feira.
O jornal dá como exemplo o caso de Catarina: tem apenas mais um ano do que os quilos que carrega às costas para cumprir o seu dever de estudante. Tem 10 anos e, habitualmente, a sua mochila pesa nove. Mede 1,35 metros e tem 30 quilos.
"Não dá para deixar os livros todos no cacifo, porque tenho sempre milhentos trabalhos de casa ou testes todos seguidos. A minha mãe ajuda-me sempre a carregar a mochila quando me vai buscar. Para os rapazes é mais fácil, mas eu sou muito fraquinha", conta esta aluna do 5.º ano.
José Wallenstein, um dos primeiros signatários da petição, afirma que "está provado cientificamente que tanto peso traz problemas à postura das crianças e adolescentes. Os políticos têm de se responsabilizar".
"As crianças são os profissionais de amanhã. As crianças que transportam hoje mochilas muito pesadas começam cedo a ter problemas de coluna, sendo alguns dos mais conhecidos a hiperlordose lombar, a hipercifose torácica, a escoliose, as hérnias discais, entre outras ocorrências", diz o texto da petição.
Há mais de uma década que os alertas são dados, as campanhas repetem-se e os estudos comprovam os malefícios de tanta carga para as crianças.
Segundo um estudo realizado pela Associação de Defesa do Consumidor (Deco) e a revista Proteste, mais de metade das crianças dos 5.º e 6.º anos de escolaridade transportam peso a mais nas suas mochilas escolares. Foram pesadas 360 crianças e as respectivas mochilas escolares, em 14 escolas públicas e privadas.
O estudo revelou que 53% das crianças que participaram no trabalho transportavam mochilas com uma carga acima do recomendável pela Organização Mundial da Saúde, isto é, superior a 10% do seu próprio peso. A situação mais dramática, refere a mesma publicação, foi verificada no caso de uma criança de 11 anos, que com 32 quilos transportava uma mochila de dez, quando o ideal seria que não carregasse mais de 3,2 quilos.
O mesmo estudo indica que 61% dos estudantes com 10 anos transportavam cargas excessivas, o mesmo acontecendo a 44% com 12 anos. Independentemente da idade dos alunos, o estudo acrescentou que a percentagem de mochilas com peso a mais era maior nas escolas privadas do que nas públicas.