O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pede “estratégias globais para a pobreza”, sustentando que a descida divulgada “não é muito significativa” e que é “muito injusta” a “situação de tanta gente na sociedade portuguesa”.
Confrontado com os números divulgados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre a taxa de pobreza, que revelaram uma descida da taxa para 17,2% em 2018, mas que deixam ainda cerca de 2,2 milhões de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social, o chefe de Estado assumiu que este é “um problema grave” em Portugal e que é preciso não esquecer esta realidade em tempo de crescimento económico.
“É uma sociedade e uma economia que crescem, mas em que o crescimento ainda não chega a muitos portugueses. Por isso, é preciso crescer mais, mas é também preciso olhar para estratégias globais para a pobreza. Há estratégias pontuais, mas, em momentos muito críticos da sociedade portuguesa, já houve a ideia de uma estratégia global para a pobreza”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
De acordo com o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado em 2019 sobre rendimentos do ano anterior, 17,2% das pessoas estavam em risco de pobreza em 2018, menos 0,1 ponto percentual (p.p.) face a 2017 e menos 3,2 p.p. do que em 2003.
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que a descida “não é muito significativa” e que vê também no Governo “uma preocupação” com esta realidade.
“O que há é um problema como um todo que eu vejo que o governo já anunciou ser uma preocupação fundamental. Portanto, temos de continuar a trabalhar, porque é muito injusta esta situação de tanta gente na sociedade portuguesa. Quando se fala em crescimento e criação de riqueza, ao mesmo tempo temos esse fator que puxa para baixo”, notou.
Em declarações prestadas à margem da receção ao hoquista do Sporting e da Seleção Nacional Ângelo Girão, no âmbito do programa ‘Desportistas no Palácio de Belém’, o Presidente admitiu a existência de uma “pobreza estrutural e duradoura” em parte da população, mas vincou a melhoria conseguida desde a crise económica, apesar da fragilidade de segmentos específicos da população, como as crianças ou os idosos.
“Nos tempos de crise era 20 por cento ou mais. É evidente que 17% é melhor do que 20, mas muito melhor é relativo”, considerou, acrescentando: “Se continuar o crescimento económico, o risco de pobreza diminui, mas há uma margem de portugueses que, se há uma desaceleração, são puxados para a pobreza. O facto de ser estrutural não quer dizer que não seja um problema a ser resolvido e a merecer uma estratégia.”
A taxa de risco de pobreza correspondia, em 2018, à proporção de habitantes com rendimentos monetários líquidos inferiores a 6.014 euros anuais, o equivalente a 501 euros mensais, mais 34 euros relativamente a 2017.