O presidente do PSD, Rui Rio, manifestou-se esta segunda-feira de acordo com o reconhecimento, por parte do Governo português, de Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela e o pedido de eleições "verdadeiramente livres e verdadeiramente fiscalizadas".
"Desde o início que tenho dito que Portugal não pode ter uma atitude divorciada do que é a atitude da União Europeia. Não foi possível a União Europeia toda ela tomar posição, mas os principais países tomaram. Estou de acordo que Portugal esteja, em conjunto com esses países, a fazer as mesmas exigências em relação à Venezuela", afirmou.
O líder do PSD falava aos jornalistas após uma entrevista ao 'podcast' do comentador Daniel Oliveira, "Perguntar não ofende", gravado no Teatro São Luiz, em Lisboa.
Rui Rio alertou que Portugal tem de ter um cuidado especial, devido à grande comunidade portuguesa na Venezuela, mas considerou que o reconhecimento de Guaidó é "mais do que justo e mais do que correto".
"A comunidade internacional tem de ajudar o povo venezuelano, que sozinho não consegue, reclamando eleições presidenciais verdadeiramente livres e verdadeiramente fiscalizadas e controladas pela comunidade internacional", disse.
Portugal reconhece e apoia a legitimidade de Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela com a missão de organizar eleições presidenciais livres e justas, anunciou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
"Portugal reconhecerá e apoiará a legitimidade do presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, como Presidente interino, nos termos constitucionais venezuelanos, com o encargo de convocar e organizar eleições livres, justas e de acordo com os padrões internacionais", disse o ministro numa conferência de imprensa em Lisboa.
Por seu lado, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, informou que acompanha a decisão do Governo, transmitida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, de reconhecer Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela com a missão de convocar eleições presidenciais.
"O Presidente da República, que tem seguido, a par e passo, a evolução na Venezuela e a posição do Governo português, acompanha a decisão que acaba de ser apresentada pelo senhor ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva", lê-se numa nota divulgada na página da Presidência da República na internet.
Portugal e outros 18 países da União Europeia assinaram hoje uma declaração conjunta de reconhecimento a Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, como "presidente interino da Venezuela" com o objetivo de convocar "eleições presidenciais livres, justas e democráticas".
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos da América e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, chefe de Estado desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento, maioritariamente da oposição, como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.