Macron cede aos "coletes amarelos" e suspende aumento dos combustíveis
04-12-2018 - 08:05

É a primeira cedência de Paris, após as manifestações dos "coletes amarelos", um movimento ao qual aderiram 136 mil pessoas.

O primeiro-ministro francês prepara-se para suspender o aumento do imposto sobre combustíveis previsto para 1 de janeiro. O objectivo é acalmar os protestos dos "coletes amarelos", disseram fontes do Governo à agência Reuters.

Este adiamento, ou mesmo suspensão, deve ser acompanhada de outras medidas de apaziguamento, segundo as mesmas fontes.

A decisão foi tomada na segunda-feira à noite, no Palácio do Eliseu, e deve ser apresentada durante esta manhã aos deputados do partido do Presidente francês, Emmanuel Macron.

O movimento de "coletes amarelos" nasceu espontaneamente num sinal de protesto contra a taxação de combustíveis em França.

As acções de contestação estão a causar grande embaraço ao Governo francês, tendo corrido mundo as imagens dos violentos confrontos entre manifestantes vestindo coletes amarelos e a polícia, no sábado, na emblemática avenida dos Campos Elíseos, em Paris.

As reivindicações dos coletes amarelos não mudaram, mesmo depois do Presidente Emmanuel Macron se ter dirigido à nação há uma semana.

A grande carga de impostos, perda do poder de compra e desilusão geral com o Governo são as queixas mais comuns entre quem está a manifestar nas ruas do país.

As primeiras manifestações dos “coletes amarelos” começaram há semanas, mas o fim de semana ficou marcado por violentos protestos em Paris, incluindo atos de vandalismo no Arco do Triunfo. O monumento, que é símbolo emblemático de Paris e da própria França, foi pintado, o seu museu saqueado e uma estátua partida, à margem dos protestos.

Esta segunda-feira começaram a notar-se os efeitos do bloqueio a instalações da petrolífera Total, com vários postos de abastecimento a esgotar o combustível.

Os últimos dados sobre sábado indicam que 136 mil pessoas se juntaram à mobilização dos "coletes amarelos" e que houve 263 feridos, além de centenas de detidos.