Formar recursos humanos altamente qualificados nas temáticas da surdez é o propósito do Mestrado em Língua Gestual Portuguesa do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica.
Inédito em Portugal, possui três ramos de especialização: educação para surdos, tradução e interpretação e investigação.
A história desta formação surge em 2006, altura em que nasceu o primeiro Mestrado em Língua Gestual Portuguesa a pedido de um centro de ensino para crianças surdas.
Foi o Instituto Jacob Rodrigues Pereira, em Lisboa, “que sentiu a necessidade de formar os seus quadros nesta área: surdos, intérpretes e pessoas ligadas à educação de surdos vieram, então, frequentar esse Mestrado em 2006”, explica à Renascença Ana Mineiro, coordenadora do curso.
Apesar da grande procura, esta formação teve de ser suspensa durante alguns anos, de porque, “com as exigências para o ensino superior”, teve de ser “toda reformulada segundo a legislação de Bolonha”.
Foi assim feita “a segunda versão do primeiro mestrado, que é o único existente em Portugal até à data”, acrescenta.
O mestrado voltou a funcionar no ano letivo de 2013/2014, com apenas uma interrupção até agora e já vai na quarta edição.
Ana Mineiro admite que o curso “veio colmatar uma lacuna”.
“Ainda que não seja profissionalizante, porque na altura não havia, só no ano passado, em 2018, é que foi criado o grupo de recrutamento para a língua gestual portuguesa e, portanto, este mestrado não podia profissionalizar – os formadores que estavam nas escolas não eram considerados como professores. Portanto, ele não é profissionalizante, mas vai dar bagagem académica e experiência a estas pessoas que trabalham com surdos. Temos formadores de surdos: tivemos terapeutas da fala, tivemos psicólogos, tivemos audiologistas, tivemos professores do ensino especial”, explica.
Este curso justifica-se, não só para quem trabalha com pessoas surdas, “porque também há muitas escolas que têm língua gestual, são escolas bilingues, e, portanto, há muitas pessoas que precisam desta formação”, como para quem se interesse mesmo sem precisar, “por motivos de aprendizagem e de melhoria da sua prática profissional”, refere a coordenadora do mestrado.
A formação funciona em “b-learning” – isto é, combina o ensino presencial e o ensino à distância, ou seja, “não é 100% em distância, tem um regime presencial, ainda que seja pouco relativamente à distância. Há mais aulas e mais eventos em distância do que presenciais. Mas também existem alguns elementos de avaliação e de encontro que são presenciais e que nos alunos vêm à Universidade”.
Tem uma duração de três semestres, ou seja, um ano e meio. Os dois primeiros têm carga letiva com unidades curriculares. O terceiro e último semestre é dedicado à elaboração da dissertação. Se não for suficiente, ainda há a possibilidade de se fazer um quarto semestre para a conclusão do trabalho final.