Cerca de 40 empresários e motoristas do setor do transporte de mercadorias participaram esta segunda-feira no primeiro dia de uma paralisação parcial das suas frotas, no Carregado, distrito de Lisboa.
Durante o início da tarde foram vários os camiões que chegaram ao Parque Tir do Carregado, município de Alenquer. Por volta das 14h20, cerca de uma dezena de pesados chegaram ao parque enquanto buzinavam.
No seu interior foram sendo colocadas folhas com fundo vermelho onde se lia “pela nossa sobrevivência”, distribuídas por várias pessoas que já se encontravam no local.
O empresário Mário Norte foi um dos que distribuiu estas folhas aos camionistas que iam chegando.
“Estamos aqui hoje a reivindicar as nossas causas, que, no fundo, partem da escalada do preço dos combustíveis, que nos torna impossível podermos trabalhar”, disse à Lusa o empresário que tem uma frota com seis camiões.
O empresário garantiu que este protesto não tem um fim definido e que apenas terminará quando houver “condições para trabalhar”.
“Não temos fim. Temos o princípio, que foi hoje, o fim será quando tivermos o ‘feedback’ do próprio Governo para, de imediato, termos as condições para trabalhar”, sublinhou o empresário da empresa que opera em Portugal e Espanha.
Na iniciativa esteve o presidente da Associação Empresarial Beira Alta (Acisba), João Aguiar, que garantiu que o protesto “representa muito” e que, “finalmente, os portugueses e os empresários estão a acordar para a vida”.
Para João Aguiar, o aumento dos preços dos combustíveis “não é admissível”.
“Não é admissível porque o crude foi adquirido antes da guerra e a guerra não é uma desculpa. Estamos a refinar o crude que comprámos a 80 dólares o barril e estamos a vender [acima] da barreira dos dois euros”, atirou o presidente da associação.
A nível regional, João Aguiar agoira um impacto “muito mau”.
“Há empresários que já estão a pagar para trabalhar”, apontou.
O protesto, de acordo com os empresários, é para durar: “Só saímos daqui quando for para ir trabalhar, e para trabalhar temos de ter condições”, garantiu Mário Norte.
Mais de 200 empresários do setor do transporte de mercadorias acordaram no domingo a paralisação de 20% das suas frotas em protesto contra a subida dos preços dos combustíveis.
O encontro de domingo aconteceu um dia depois de uma reunião da Associação Nacional dos Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram), que admitiu que a solução para a sobrevivência das empresas de transporte de mercadorias, face à escalada do preço dos combustíveis, passa por um aumento das tarifas.
Os transportadores rodoviários de mercadorias não foram abrangidos pelas medidas anunciadas pelo Governo para mitigar o impacto da subida dos preços dos combustíveis e que incluem, designadamente, a subida do desconto no Autovoucher de cinco para 20 euros e o prolongamento por mais três meses do apoio dado a táxis e autocarros (pagando agora 30 cêntimos por litro de combustível, em vez dos atuais 10).
Os preços dos combustíveis dispararam nas últimas semanas, tanto nos EUA como na Europa, atingindo os níveis mais altos da última década, devido aos receios de uma redução na oferta, provocada pela invasão russa da Ucrânia.
Em Portugal, o gasóleo sofreu na semana passada um agravamento superior a 14 cêntimos por litro, enquanto a gasolina ficou cerca de oito cêntimos mais cara.
O preço por litro do gasóleo terá hoje subido 13,6 cêntimos e o da gasolina 9,3 cêntimos, segundo contas feitas pela Lusa com base nos números fornecidos pelo Governo para a redução do ISP.