​Em vésperas de eleições não se publicam decisões judiciais, defende ex-PGR
20-02-2024 - 20:30
 • Ana Fernandes Silva

José Cunha Rodrigues criticou ainda a tomada de posições públicas por parte dos magistrados, que acabam por criar focos de tensão.

Em vésperas de eleições não se devem publicar decisões da justiça, defende José Cunha Rodrigues, antigo procurador-geral da República.

Na Alfândega do Porto, no arranque do Congresso Pacto Social, José Cunha Rodrigues afirmou esta terça-feira que se ainda estivesse em funções não deixaria que qualquer decisão fosse publicada antes das legislativas e acusa ainda a comunicação social de ter um grande problema.

“Vou dar a minha sensibilidade quando fui procurador-geral neste país: se na véspera de eleições eu tivesse conhecimento de uma decisão, eu diria para a não publicarem antes da eleições”, afirmou o antigo responsável pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

“Uma coisa são as decisões e outra coisa é a publicação. Há uma grande confusão no nosso país sobre a publicação e as decisões. Há um problema hoje que não é só nosso, mas que tem a ver com uma questão instante, que é o problema da comunicação social. Estamos numa grave situação de pluralismo da comunicação social”, sublinhou.

José Cunha Rodrigues criticou ainda a tomada de posições públicas por parte dos magistrados, que acabam por criar focos de tensão.

“Esse dito diálogo entre magistrados, podem fazê-lo fora do processo, em contextos familiares e sociais, não podem fazê-lo na opinião pública. Isso só descredibiliza as magistraturas e cria focos de tensão que não têm que ver com as funções dos magistrados. Isso tem a ver com a magistratura judicial e com a do Ministério Público, sendo certo sempre que quem decide é o juiz. Ministério Público e advogados têm que dedicar ao papel do juiz um respeito total”, salientou.