O presidente da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho, diz estranhar PS e Chega “estarem já a dizer que votarão contra um Orçamento que desconhecem”, pelo que “haverá aqui uma certa precipitação e, até do ponto de vista do sentido de Estado, alguma irresponsabilidade política” dos dois partidos.
No habitual espaço de comentário semanal na Renascença, Nuno Botelho considera que no PS “a questão não será internamente tão pacífica”, até porque “haverá deputados e autarcas a dizer que o PS deverá ouvir e acolher algumas das propostas do PSD”. Portanto, conclui, "Pedro Nuno Santos terá que gerir internamente esta questão com pinças”.
Já no que respeita ao Chega, o presidente da Associação Comercial do Porto diz que a questão “será mais unanime”, porque “o Chega é um partido de um homem só”.
Mesmo assim, Nuno Botelho lembra que, a acontecer esse voto contra, não será a primeira vez que um Executivo governa sem um Orçamento aprovado.
Governo forte e de combate
Já sobre os nomes do novo Governo, Nuno Botelho diz que este tem “pessoas muito respeitadas na academia, como, por exemplo, Fernando Alexandre, Rosário Ramalho ou Dalila Rodrigues”. Mas também "gente com percurso profissional muito reconhecido, como, por exemplo, Rita Júdice na Justiça ou Margarida Blasco na Administração Interna”. Um Governo “com uma componente política muito forte, com nomes como Paulo Rangel, Leitão Amaro, Pedro Reis, Graça Carvalho e Castro Almeida”.
O presidente da Associação Comercial do Porto classifica o novo Executivo como “forte e que tem sido apelidado de combate”. “Um governo que está aí para os desafios que que se avizinham e que não vão ser fáceis para um Executivo minoritário e que se vê a braços com tantos problemas para resolver no imediato”.
Norte da semana
75 anos da NATO: “A Aliança Atlântica reforçou o seu papel geoestratégico de uma forma muito evidente com a invasão russa da Ucrânia. Resultado disso é a adesão da Suécia e da Finlândia, países que eram historicamente neutros. No entanto, há dúvidas muito grandes quanto ao seu futuro, que se prendem, por exemplo, com a eleição de Donald Trump e com o papel da Europa na NATO. Será que os Estados Unidos vão continuar a ser o grande financiador da NATO? Será que a Europa deverá começar a acolher a ideia da meta dos 2% do orçamento militar por cada país membro? Portugal, por exemplo, é um dos países que não cumpre esse objetivo. Essa é mais uma questão para ser colocada ao novo Governo. É uma questão importante. A NATO é fundamental. É uma aliança crucial e estratégica e Portugal é um dos países fundadores”.
Desnorte da semana
Aumento da criminalidade e da insegurança: “A Direção-Geral da Política de Justiça apresentou números preocupantes sobre a criminalidade no ano passado, que aumentou 8% face a 2022 e atingiu os valores mais elevados desde 2010. A criminalidade violenta aumentou significativamente - 5% -, o que é, de facto, algo que nos deve fazer pensar.
Estes números contrariam, aliás, declarações recentes do anterior Ministro da Administração Interna, que, num discurso no meu entender demasiado complacente e politicamente correto, dizia que não haveria um clima de violência na sociedade. Foi uma tentativa de desvalorizar estes números. É algo que deve estar à atenção deste novo Governo, porque a população portuguesa, o povo português, anda preocupado com esta questão”.