O ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Armando Vara, recusou esta sexta-feira responder a qualquer questão sobre o financiamento do empreendimento Vale do Lobo durante a sua audição na Comissão Parlamentar de Inquérito à Recapitalização da Caixa.
Na sua declaração inicial, o antigo ministro começou por se queixar das condições que lhe foram dadas na prisão, alegando “impossibilidades de acesso a qualquer tipo de informação”. Vara está preso no estabelecimento prisional de Évora desde o início do ano no âmbito do processo “Face Oculta”.
Vara chegou a usar até o termo “infoexclusão” para se referir ao alegado estado de isolamento em que estará na prisão. No inicio deste mês, vários órgãos de comunicação noticiaram que Vara tinha pedido para não comparecer na comissão de inquérito devido à “situação em que se encontra”.
Durante esta declaração inicial, o antigo administrador da CGD, também arguido na Operação Marquês, disse que não se pronunciaria sobre esse caso, realçando, ainda assim, que a operação foi aprovada “sem objeções”.
De acordo com a tese da acusação da “Operação Marquês”, o ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos estava aliado a Sócrates para receber dinheiro desviado do grupo Vale do Lobo. O Ministério Público suspeita que este esquema serviu para facilitar um crédito da Caixa, de 200 milhões de euros, para o Vale do Lobo - grupo do qual Hélder Bataglia é acionista.
Questionado sobre quem o nomeou para assumir a administração da CGD, Vara disse ter sido o antigo ministro das Finanças de José Sócrates, Teixeira dos Santos. Questionado por um deputado do PSD sobre o tipo de relação que matinha com o antigo ministro da Finanças, Vara disse apenas que “não ia à casa dele”.
Sobre a suposta participação num “assalto ao BCP”, Armando Vara garante nunca houve interferência da administração do banco do Estado no BCP.