Confinamento geral. Todas as escolas ficam abertas com campanha de testes rápidos
13-01-2021 - 18:37
 • Joana Azevedo Viana

Primeiro-ministro destaca "consequências irrecuperáveis para o processo educativo que a interrupção letiva das atividades presenciais teve no ano passado".

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O Governo anunciou esta quarta-feira que as creches, escolas e universidades vão continuar "em pleno funcionamento" e manter as aulas presenciais, como "têm estado a funcionar até agora", no âmbito do novo confinamento geral, sendo que será posta em marcha uma campanha de testes rápidos nos estabelecimentos de ensino.

"Depois de ouvir a comunidade educativa, os representantes das famílias e os profissionais, e sobretudo depois de avaliarmos bem as consequências irrecuperáveis para o processo educativo que a interrupção letiva das atividades presenciais teve no ano passado, não podemos voltar a repetir a mesma regra, e por isso, com as cautelas que tornaram a escola segura, vamos manter a escola em funcionamento", anunciou o primeiro-ministro.

Questionado sobre se admite reverter esta decisão caso os níveis de contágio por Covid-19 não baixem, o chefe do Governo apontou que "o número de surtos foi diminuindo" no universo escolar e que o primeiro período deste ano letivo demonstrou que a escola "é um local seguro" e "essencial ao processo de aprendizagem".

"Sabemos que o ensino presencial é fundamental para a aprendizagem. As crianças sofreram no ano letivo passado, não obstante todo o esforço dos professores para seguir os seus alunos, pelo computador e com o estudo em casa, mas nada substitui o ensino presencial e nada indica que vá correr mal", explicou António Costa. "Por isso vamos manter as escolas abertas."

Para controlar a situação epidémica nas escolas, e "de forma a quebrar qualquer cadeia de transmissão que possa existir", o Governo decidiu "acompanhar o funcionamento das escolas com uma campanha de testes antigénio", adiantou Costa, destacando que "todos os aumentos de contaminação têm coincidido com o período de férias e não com o funcionamento das escolas".

As decisões foram tomadas em Conselho de Ministros, no âmbito de um novo período de confinamento geral em Portugal continental, "com dever de recolhimento domiciliário tal como tivemos em março e abril do ano passado", a partir das 00h desta sexta-feira, anunciou o primeiro-ministro.

Ainda não são conhecidos mais pormenores sobre a campanha de testes rápidos à Covid-19 em todos os estabelecimentos de ensino.

Antes de se reunir com os seus ministros esta tarde, Costa tinha adiantado que a “grande divergência” quanto a este novo período de confinamento era sobre o funcionamento das escolas, havendo, ainda assim, convergência sobre “nada justificar o encerramento das escolas para crianças até aos 12 anos”, ou seja, até ao 6.º ano de escolaridade.

Alguns especialistas, como o diretor do Serviço de Medicina Intensiva do Hospital de São João, no Porto, defendiam, pelo contrário, se encerrassem todas as escolas durante este período.

“A situação atual é tão preocupante que, nesta altura, advogo o encerramento das escolas na totalidade. Isto é algo completamente contra o meu coração. Defendo isso porque estamos numa situação hipergrave. É preferível meter as medidas todas ao mesmo tempo, simbolizando à população a gravidade do momento, e depois ir aliviando de forma incremental", defendeu hoje José Artur Paiva.

As novas restrições apoiam-se no nono decreto do estado de emergência desde o início da pandemia, que a Assembleia da República aprovou esta quarta-feira e que vai estar em vigor até 30 de janeiro.

[atualizado às 19h30]