Um ano após ter sido eleito presidente dos EUA, Biden logrou uma vitória no Congresso americano, que aprovou um programa de 1,2 mil milhões de dólares para investimentos em infraestruturas. A popularidade de Joe Biden está abaixo da registada por anteriores presidentes nesta fase do mandato, mas é superior à de Trump.
Biden foi eleito presidente por não ser Trump. Só que isso não basta para assegurar que, nas eleições intercalares para o Congresso federal dentro de um ano, Biden possa contar ali com uma maioria, que agora existe mas é muito escassa.
A caótica retirada dos militares norte-americanos do Afeganistão abalou a popularidade de Biden. Os aliados dos EUA queixaram-se de não terem sido avisados a tempo das decisões de Washington. Semanas depois foi a vez da França ter reagido com indignação ao ser colocada perante um facto consumado: sem aviso prévio, perdera a encomenda australiana de submarinos, que passarão a ser fornecidos pelos EUA, com submarinos movidos a energia nuclear.
Biden reconheceu que a sua administração não se tinha portado bem com a França. Em encontros com Macron na Europa (na reunião do G20 em Roma) Biden multiplicou-se em elogios ao mais antigo aliado dos EUA, a França.
O problema mais sério que Biden defronta é, no entanto, a divisão interna do partido democrático. Com uma maioria muito pequena na Câmara dos Representantes e uma ainda inferior no Senado (onde vale o voto de qualidade da vice-presidente Kamala Harris) as promessas eleitorais de Biden têm sido ali travadas por longos meses de negociações entre moderados e progressistas do partido democrático.
Agora, por fim, foi desbloqueado um programa de 1,2 mil milhões de dólares para investimentos em infraestruturas, com 13 votos de republicanos (o que mostra ser real a vontade de Biden de promover a união) e seis votos contra de democráticos “progressistas” – mas perto de cem deputados dessa ala votaram a favor. E foi assinado um acordo pelos congressistas democráticos, comprometendo-se a aprovar, na próxima semana, um segundo pacote de 1,7 mil milhões para apoios sociais.
O grande bloqueio às pretensões legislativas de Biden vem da ala mais à esquerda do partido democrático, que tem procurado impor uma agenda política que desagrada ao eleitor médio americano. Daí a derrota, há uma semana, do candidato democrático a governador da Virgínia, Estado onde Biden ganhara em janeiro por dez pontos percentuais. Como escreveu no “Público” Teresa de Sousa, a primeira lição daquela derrota encontra-se na predominância da ala “progressista” do partido democrático.
Seria dramático que as posições extremistas dessa ala paralisassem as iniciativas de Biden e facilitassem a reeleição de Trump em 2024.