O Paquistão continua a viver dias difíceis em consequência das inundações que afetaram o país. Estima-se que um em cada sete paquistaneses tenham sido afetados de alguma forma com as cheias, que já foram classificadas como “as piores” da história do Paquistão.
Com os níveis das águas a começarem a baixar, as autoridades deparam-se com outras emergências, nomeadamente o combate à fome e às epidemias. E de acordo com a Fundação AIS, que cita três responsáveis católicos do país, a Igreja católica está na linha da frente desse combate.
“A dengue e a cólera estão a espalhar-se. Os hospitais estão sobrecarregados e estão a mandar as pessoas embora”, referiu o arcebispo Benny Travis, de Karachi, situada no sul do Paquistão, afirmando que o país está perante uma catástrofe humanitária.
O arcebispo mostrou-se também alarmado com relatos de que as farmácias poderão estar a reter o fornecimento de medicamentos, elevando assim os preços.
Já o bispo de Hyderabad, D. Samson Shukardin, alertou que à medida que o inverno se aproxima, a fome torna-se uma ameaça real, principalmente nas áreas rurais que foram mais afetadas.
“As regiões remotas não estão protegidas contra inundações, apenas as grandes cidades”, apontou, acrescentando que “90% da minha diocese está inundada devido à chuva intensa. Muitas igrejas, casas paroquiais e escolas foram danificadas pelas chuvas. As pessoas ficaram [na condição de] sem-abrigo e famintas, além das famílias que sofrem pela perda dos seus entes queridos”, referiu o bispo de Hyderabad, citado pela fundação pontifícia.
Também D. Khalid Rehmat, vigário apostólico de Quetta, no Paquistão ocidental, lembrou que o país é pobre e que há muitas assimetrias sociais, mas que, nestes dias de extrema crise, não têm faltado exemplos de solidariedade.
“As pessoas são pobres, mas generosas”, disse o bispo, pedindo ajuda da comunidade internacional, uma vez que as autoridades do país já se revelaram impotentes perante a dimensão da tragédia.
Os três prelados destacam o trabalho da Igreja e o papel solidário da comunidade cristã, referindo que “as pessoas valorizam a Igreja como um lugar confiável para obter assistência de emergência”.
Fundação AIS já está a ajudar
Para fazer face a esta situação de calamidade, a Fundação AIS avançou com projetos de ajuda humanitária de emergência visando apoiar as dioceses que estão em maior dificuldade.
Por exemplo, em relação à Diocese de Hyderabad vai apoiar cerca de cinco mil famílias através de cabazes alimentares para um mês, ajudar em dinheiro os que estão em situação mais vulnerável, providenciar abrigos temporários, unidades de saúde móveis e entrega de artigos básicos essenciais.
Alem disso, a Fundação AIS está também empenhada já na reparação de igrejas e infraestruturas comunitárias que ficaram danificadas com as inundações, e que precisam de estar de novo operacionais para o acolhimento de vítimas das cheias.
Estima-se que as inundações tenham provocado mais de 1.500 mortos, a destruição de quase dois milhões de casas ou seriamente afetadas, tal como sete mil quilómetros de estradas ou 246 pontes.