O antigo ministro e dirigente do PSD António Capucho critica a data tardia das eleições antecipadas.
Em entrevista à Renascença, Capucho considera acertada a decisão do Presidente da República, mas questiona a opção de 10 de março.
“A decisão foi muito correta e só peca, porque, na minha opinião, é marcada para uma data muito longínqua”, diz o o antigo conselheiro de Estado.
Embora aponte que se vai concretizar “um processo eleitoral ao abrigo de uma lei eleitoral que está completamente caduca”, António Capucho não tem dúvidas de que a única solução era convocar eleições.
“As eleições, nos termos da lei eleitoral vigente, embora formalmente se destinem a eleger deputados, as pessoas votam na escolha de um primeiro-ministro. Ora, se esse primeiro-ministro e o partido a que pertencem estão envolvidos na situação que estão. Neste momento, não faz nenhum sentido que seja permitido a outro elemento do Partido Socialista a assunção das funções de primeiro-ministro. O próprio Presidente da República, se não enveredasse por esta solução, iria desdizer aquilo que prometeu aos portugueses”, argumenta.
Na visão de António Capucho, o processo que resultou na demissão do primeiro-ministro e conduziu à convocação de eleições afeta a imagem do regime, embora não o coloque em perigo porque as instituições são sólidas e a democracia tem soluções.
“A imagem sim, está em perigo. Agora, o regime não fica em perigo porque as instituições são sólidas e, portanto, a democracia pode perfeitamente ser instalada e vai responder a uma situação de crise que estamos a atravessar e responder através de eleições que é a forma normal de em democracia resolver estes problemas."
António Capucho defende que o Ministério Público deve clarificar o parágrafo que envolve o primeiro-ministro. Ainda assim, do que se sabe, diz não ter dúvidas de que Costa tem algum tipo de envolvimento. Importante, agora, é que a justiça seja rápida a apurar responsabilidades.
“É bom que haja clarificação por parte do Ministério Público”, defende Capucho, notando que, apesar de o comunicado inicial não ser satisfatório, “a verdade é que aquilo que já se sabe não me permite ter a mínima dúvida sobre uma atuação que, apesar de tudo, na sua expressão pública, não foi muito clara, na sua ação concreta não há mínima dúvida de que o assunto em causa, os assuntos em causa, envolvem o primeiro-ministro e o coração do governo e o coração do próprio gabinete do primeiro-ministro".
“O que é importante é que, agora, a justiça faça o seu trabalho e que não demore 10 anos ou cinco anos a chegar a conclusões”, completa.