Os efeitos da pandemia e o valor dos pequenos gestos obrigam a uma solidariedade reforçada. Na homilia da missa desta manhã, D. Américo Aguiar afirmou que “uma das grandes lições que a humanidade aprendeu com o Covid-19 é que os nossos pequenos gestos podem ter uma consequência não só em relação a quem está próximo, mas também comunitária e mesmo até universal. Perante isto, todos teremos de reaprender a «gramática da hospitalidade»: somos responsáveis pela saúde, o bem-estar, a alegria e a salvação dos outros!”
Para o bispo auxiliar de Lisboa, esta responsabilidade desafia a própria União Europeia que "terá de perceber que já não basta ser aquela original comunidade económica e política, mas terá de dar o passo seguinte: ser uma verdadeira comunidade humana, mais hospitaleira, determinada no combate solidário às consequências económicas e sociais desta pandemia, decidida no acolhimento de todos e apostada no respeito pela casa comum que todos habitamos”.
D. Américo Aguiar deixa um apelo para que “a solidariedade europeia não seja uma urgência pandémica mas uma marca da sua identidade! Que a ajuda entre povos e países europeus não resulte do medo provocado por um vírus, mas seja um ímpeto do humanismo e da matriz cristã que caracteriza o velho continente”, pois só deste modo se pode assegurar “o nosso futuro e o das gerações vindouras, feito cada vez mais do encontro entre povos, culturas e religiões".
Preocupado com os efeitos do pós-Covid, o celebrante convida, para esta nova fase da humanidade, a "uma santidade que consiste em acolher com hospitalidade o outro, vítima do efeito socioeconómico desta pandemia”. E também “a valorizar a importância e urgência de uma relação intergeracional”, para que se entenda melhor “a urgência de uma economia nova, de Francisco, que não mate”, baseada numa ecologia integral e “que inclua claramente as dimensões humanas e sociais”.
No final da homilia, proferida para um reduzido número de fiéis presentes no recinto do Santuário, D. Américo Aguiar assegurou a todos que “temos Mãe” e terminou com uma oração a Nossa Senhora de Fátima, onde incluiu os jovens e os idosos, os mais fracos e os desempregados, os refugiados e as vítimas da injustiça, os emigrantes, os que perderam a esperança, “todos os heróis anónimos no combate ao Covid-19”, “todos os filhos que perderam a sua mãe” e “todas as mães que perderam os seus filhos”.