Os incêndios na Austrália continuam incontroláveis. O número de vítimas mortais aumentou para 18 e as autoridades admitem que o pior pode estar ainda para vir.
Imagens captadas pelo satélite de observação dinâmica da NASA mostram a dimensão devastadora dos incêndios em Nova Gales do Sul e Victoria, que desde setembro abalam o país.
“É uma crise humanitária”, relata à Renascença Beatriz Wagner, jornalista brasileira a viver em Sidney. “São tantos milhares de pessoas isoladas nas praias, sem acesso por terra”, acrescenta.
Cerca de 50 mil pessoas estão sem eletricidade, em Nova Gales do Sul, e algumas cidades sem acesso a água potável, adiantou em conferência de imprensa o primeiro-ministro australiano, que apela à ordem e à calma.
“As estradas que foram fechadas pelos fogos e por árvores caídas estão, agora, a começar a ser reabertas, mas há condicionamentos gigantescos por todo o sul. Há falta de água e comida em várias localidades. Os supermercados têm enormes filas e estão sem luz”, explica a jornalista brasileira.
Esta quinta-feira, um navio da marinha australiana chegou a Mallacoota, uma pequena cidade no leste de Victoria, onde cerca de quatro mil pessoas se encontram refugiadas numa praia, desde segunda-feira. Espera-se que na primeira viagem sejam resgatadas mil pessoas.
“Esse navio da marinha que chegou lá com provimento, com água, com equipamento médico vai poder retirar mil pessoas para já, mas dizem que vão levar muitos dias para resgatar as quatro mil pessoas que estão em Mallacoota”, conta Beatriz Wagner.
A autarca de Nova Gales do Sul declarou estado de emergência na região, que se deverá prolongar durante sete dias, com início na próxima sexta-feira.
Para além da operação marítima, foram ainda enviados cinco helicópteros militares para auxiliar ao resgate de feridos, idosos e crianças.
As autoridades apontam para um agravamento de risco de incêndio no próximo sábado, com previsões de uma subida da temperatura, que deverá ultrapassar os 40.º graus.
Cerca de cinco milhões de hectares de terra arderam e mais de 1.300 casas foram destruídas.
O fumo dos incêndios colocou a qualidade do ar na capital, Camberra, como a pior do mundo no primeiro dia de 2020.