A Câmara do Porto diz que "não é previsível" que as obras de restauro do Mercado do Bolhão comecem em Setembro, como foi anunciado, porque as "sucessivas reclamações entre concorrentes" à empreitada "prolongaram os prazos legais do procedimento".
Em comunicado enviado à agência Lusa, a autarquia portuense explica que, "com as novas datas, não é previsível que as obras se iniciem em Setembro, conforme chegou a ser admitido pelo Gabinete do Mercado do Bolhão, calculando-se que o concurso possa sofrer um atraso final de aproximadamente três meses".
A autarquia liderada por Rui Moreira informa que a primeira candidatura a fundos comunitários do Portugal 2020 para o restauro e modernização do Mercado do Bolhão "já foi aprovada e o concurso público para a empreitada principal já tem oito concorrentes seleccionados" e que o valor da comparticipação aprovada nesta fase, no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU) do Porto, é de 1.566.263,27 euros.
A autarquia adianta que a empreitada "suscitou o interesse de 41 operadores económicos e registou a apresentação de 12 candidaturas, algumas das quais em agrupamento", segundo indica a empresa municipal GOP - Gestão e Obras Públicas no relatório do procedimento.
Desta primeira fase foram selecionadas para uma segunda ronda, "que tem por objecto a execução da empreitada de restauro e modernização do Bolhão, com um preço-base de 25 milhões de euros e um prazo de execução de 720 dias", oito empresas, entre 12 concorrentes.
As oito empresas selecionadas são: Domingos da Silva Teixeira, S.A. e Cari Construtores, S.A.; Casais - Engenharia e Construção, S.A.; Ferrovial Agroman, S.A.; Conduril -Engenharia, S.A. e MRG - Construction S.A.; Alexandre Barbosa Borges, S.A., Nicolau de Macedo, S.A. e Bragalux - Montagens Eléctricas, S.A.; Teixeira Duarte - Engenharia e Construções, S.A.; Alberto Couto Alves, S.A. e Lúcio da Silva Azevedo & Filhos, S.A.; HCT - Construções, S.A. e Ferreira - Construção, S.A.
A autarquia salienta que está em curso a empreitada do Mercado Temporário do Bolhão, que ficará concluída já no próximo mês de Agosto e que esta estrutura temporária fica no Centro Comercial La Vie, perto do mercado original.
Entre a surpresa e a resignação
No mercado do Bolhão, os comerciantes demonstram, na manhã desta terça-feira, um misto de surpresa e de resignação face à notícia do adiamento do arranque das obras.
Fátima Teixeira, que vende fruta no histórico mercado do centro do Porto, diz que se lembra de ouvir falara em obras há mais de 25 anos: “Já estamos habituados aos adiamentos. É mais um atraso."
A comerciante aproveita para dizer que “enquanto a obra não estiver entregue a uma empresa e enquanto não houver uma data definitiva”, os comerciantes não deveriam ser “obrigados a passar para o mercado temporário”.
A autarquia está a preparar o centro comercial “La Vie”, a cerca de 200 metros do Bolhão, para receber os comerciantes, durante dois anos, a partir de final de Agosto ou início de Setembro, enquanto decorrem as obras no espaço original.
Zaida Silva, que vende peixe no Bolhão, diz que, “mesmo que seja com atraso, o importante é que as obras se façam”.
“Aos anos que ouvimos promessas de obras no Bolhão”, lamenta, reconhecendo a desilusão que leva a que os comerciantes “até se tornem mentirosos, porque estamos sempre a dizer aos clientes que as obras vão começar, e afinal passam os anos e nada acontece”.
Mais descrente está Ana Maria Ferreira, que não acredita sequer que as obras comecem três meses depois da data prevista: “Só acredito quando vir."