Apesar do desemprego estar a diminuir, a situação do mercado de trabalho está a afectar a capacidade das famílias para se reequilibrarem financeiramente. Segundo a Deco, a precariedade e os rendimentos reduzidos estão entre as principais causas para as situações de sobreendividamento.
“As famílias continuam com muitas dificuldades financeiras, porque os rendimentos são insuficientes”, diz a responsável pelo Gabinete de Apoio ao Sobreendividado da Deco à Renascença.
Natália Nunes reconhece que apesar da diminuição do desemprego surgiram novos factores que afectam as contas familiares: “A precariedade laboral, os cortes ainda em vigor, atraso no pagamento dos salários e até os negócios mal sucedidos, de quem arriscou após ter ficado no desemprego”.
Mais de sete mil famílias sobreendividadas pediram no primeiro trimestre ajuda ao Gabinete de Apoio ao Sobreendividado (GAS) da Deco, menos 84 famílias do que em igual período de 2016, mas apenas 630 tiveram as dívidas reestruturadas.
De acordo com a associação de defesa do consumidor, o desemprego foi a causa de 20% dessas situações de sobreendividamento, quando no primeiro trimestre do ano passado tinha sido responsável por 27% das situações.
O crédito à habitação voltou a ser o mais renegociado pela Deco, em quase 83% dos pedidos de apoio, o crédito pessoal cerca de 14% e o crédito automóvel 11%.
Quanto às habilitações académicas, a maioria das famílias que pede ajuda têm o ensino secundário (31%) ou o 3.º ciclo (16%), representando o ensino superior 23%.
A taxa de esforço média dos processos de sobreendividamento nas mãos da Deco foi de 69% nos primeiros três meses do ano, mostrando uma subida face à taxa de esforço de 67% no primeiro trimestre de 2016.