“O envelhecimento do corpo docente é uma realidade que nós podemos prever com alguma facilidade e, portanto, a falta de previsão desse envelhecimento, quando tem reflexos na falta de professores, é da responsabilidade total de quem tem a gestão do ministério”, diz João Duque, no comentário ao relatório Conselho Nacional de Educação.
O comentador da Renascença entende que “é relativamente fácil prever que os professores daqui um ano estão um ano mais velhos e, portanto, é fácil prever que há não sei quantos mil professores que se vão aposentar e é preciso prepará-los”.
“E é preciso prepará-los com antecedência, porque, hoje em dia, os professores precisam de formação específica, a menos que se alterem as regras”, observa.
O relatório “Estado da Educação 2022”, divulgado esta terça-feira pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), diz que a classe docente está a envelhecer a um ritmo vertiginoso e já mais de metade dos professores apresenta 50 ou mais anos de idade. Destes, quase 30% tem mais de 60 anos, ou seja, mais de 35 mil professores estão próximos da idade de aposentação. Para ultrapassar o problema, o CNE defende o recrutamento de licenciados sem formação pedagógica para combater o envelhecimento da classe docente.
No seu espaço de comentário n’As Três da Manhã, João Duque lembra que “depois do 25 de abril [de 1974], houve uma explosão de alunos que foram inscritos no ensino básico e secundário, houve uma enorme campanha para que os que os miúdos continuassem a estudar e houve uma necessidade imensa de professores”.
“Eu tive professores que ainda eram estudantes do ensino superior e que já estavam a dar aulas. Por exemplo, engenheiros a dar matemática e vários que ainda estavam na licenciatura e foram meus docentes”, exemplifica, admitindo ser esta “uma possibilidade que se coloca em cima da mesa, dada a escassez de recursos humanos, uma vez que não foi previsto e não foram incentivados os jovens a ficarem como docentes no ensino”.
A campanha eleitoral está a debater o que é necessário debater no setor da educação?
João Duque diz que “pelo menos, não tem sido o tema dos debates”, lamentando que não se explique, por exemplo, o que fazer para “atrair jovens para uma carreira, que é uma carreira nobre, nomeadamente no início de carreira”.
“O fator da atratividade é fundamental”, remata.