O ex-ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos deu sinal de vida esta sexta-feira ao divulgar o "esclarecimento público" onde assume que teve conhecimento do valor da indemnização e que deu o aval à indemnização de Alexandra Reis e no "início" de fevereiro pretende regressar ao Parlamento.
Com o mandato de deputado suspenso por 30 dias desde a demissão do Governo no final de dezembro, a Renascença sabe que a intenção de Pedro Nuno Santos é manter-se discreto nos corredores da Assembleia da República até à 'rentrée' política de setembro.
Depois da saída com estrondo do Governo, será vontade daquele que é sempre dado como potencial sucessor de António Costa na liderança do PS em cumprir um período de nojo, distanciar-se como puder dos holofotes e das oposições e dar tempo aos trabalhos da comissão de inquérito à gestão da TAP, onde, de resto, deverá ser um dos protagonistas.
Tendo renunciado ao Secretariado Nacional do PS, Pedro Nuno perdeu o acesso por inerência a todos os cargos de direção nacional do partido, nomeadamente à Comissão Nacional, onde, de resto, era raro participar.
O ex-ministro tornou-se, assim, um militante de base e a Renascença sabe que, por exemplo, não pretende estar presente no comício do PS que está a ser organizado para o final da tarde do próximo sábado no pavilhão Multiusos de Viseu.
O evento tem como mote "Prestar Contas", está já a ser divulgado pelas redes sociais do partido e terá a intervenção do secretário-geral socialista, António Costa. Todo o estado maior socialista deverá estar presente para assinalar a passagem de um ano após as eleições legislativas de 30 de janeiro de 2022 que deram a maioria absoluta ao PS. Todo o estado maior, menos Pedro Nuno.
A previsão é que o ex-ministro das Infraestruturas se mantenha fora da atividade partidária durante uns meses largos e que depois comece a "fazer política", tal como a Renascença já tinha de resto avançado.
Entre os mais próximos do ex-ministro a convicção é que há "muito trabalho para fazer para ajudar o PS a governar bem". Agora e no futuro, porque "não há interesse nenhum em chegar a 2026 com o PS no chão", resumiu um “pedronunista” à Renascença.
Será impossível acreditar num Pedro Nuno absolutamente inativo durante muito tempo, tendo até em conta que 2023 é ano de Congresso ordinário no PS, ainda sem data marcada, mas que deverá contar com a presença do ex-ministro, mesmo que, à semelhança do Congresso de Portimão, não venha a fazer qualquer intervenção no palco.
As pretensões de Pedro Nuno para a liderança do PS mantêm-se intactas, segundo um destacado dirigente do partido. O ex-ministro terá o futuro que quiser. Tem é "de voltar à casa de partida, desta vez já com alguma pontuação".
Resta saber o lastro que terá o despacho revogado pelo primeiro-ministro sobre o novo aeroporto de Lisboa e os mais recentes desenvolvimentos à volta da polémica indemnização a Alexandra Reis, que continuam a expor o ex-ministro.