O ministro da Saúde considera inaceitável afirmar que os cortes orçamentais não tiveram efeitos negativos e acusa o anterior Governo de promover o desinteresse pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Em entrevista à TVI, Adalberto Campos Fernandes admite, no entanto, que a redução da despesa verificada nos últimos anos era necessária nalguns aspectos.
O ministro foi questionado sobre o caso do homem que morreu no Hospital de São José enquanto aguardava por uma equipa de neurocirurgia de que o hospital não dispunha por ser fim-de-semana, um caso que Adalberto Campos Fernandes já tinha classificado como “inaceitável”.
“Nós temos a consciência de que o Serviço Nacional de Saúde foi exposto a uma restrição nalguns casos necessária, noutros casos excessiva. E parece-me totalmente inaceitável que se considere que tudo se deve aos cortes, como também me parece totalmente inaceitável que se diga que os cortes não tiveram nenhum tipo de efeito”, declarou.
Adalberto Campos Fernandes acusa o anterior Governo de ter promovido um “desinteresse activo” pelo SNS e acrescenta que o Estado planeou mal os recursos hospitalares públicos na Grande Lisboa.
“Fechámos camas de internamento a mais em Lisboa. Não devíamos ter fechado. Pensávamos que a cirurgia de ambulatório resolveria todos os problemas do internamento, que não seriam precisas camas, pensámos que a demora média iria sempre baixar. Ora, a demora média está a subir nos doentes idosos, que hoje têm um conjunto de patologias que faz com que eles estejam no hospital muito mais tempo”, elencou.
“Nós temos as equipas exaustas, temos os médicos que são escassos, muitos deles saíram do sector público, por um ambiente altamente hostil, não apenas nos aspectos da remuneração, que foi sensível não apenas para os médicos mas para todos, mas porque, efectivamente, houve um desinteresse activo do Serviço Nacional de Saúde”, sublinhou.
Questionado sobre o inquérito à morte de um paciente no Hospital de São José, o ministro reafirmou que se trata de um assunto que está a ser investigado e que não se quer juntar aos que fazem da "situação um caso de apreciação política".
"Eu acho que tudo o que se tem passado com o Serviço Nacional de Saúde tem leitura política, este caso em concreto e outros casos que estão ligados à desgraça de pessoas, à infelicidade de pessoas, não pode ser centrado no debate político como uma prioridade", salientou Adalberto Campos Fernandes.