Pedro Marques admite que crise na habitação vai "penalizar" PS em futuras eleições
20-09-2023 - 16:50
 • Susana Madureira Martins

No programa Casa Comum desta semana o dirigente socialista reconhece que as respostas ou falta delas para o problema da habitação poderão ser o grande carrasco da maioria absoluta já nas europeias de junho. No PSD apela-se a um consenso nesta área que junte não só os partidos, mas também o Presidente da República.

Na véspera do Conselho de Ministros que vai aprovar medidas de apoio à habitação e de, no Parlamento, ser confirmado o diploma do pacote Mais Habitação, surge um aviso dentro do PS sobre as cautelas com que o tema deve ser tratado e já é assumido que deverá ser uma das áreas que mais irá penalizar o partido.

No programa "Casa Comum" da Renascença, Pedro Marques, membro do Secretariado Nacional do PS, alerta que "esta área da habitação será, de certeza, uma das áreas de avaliação mais significativa dos portugueses no final da legislatura".

Em causa, segundo o eurodeputado do PS, estão a "carestia de respostas, a situação difícil em que nos encontramos, aqui em Portugal e no resto da Europa". O "problema é tão estrutural e tão europeu", acrescenta Pedro Marques, "que inclusivamente o Governo português desafiou a Comissão Europeia a criar respostas europeias para um problema que não é só de Portugal", referindo-se à carta enviada a Ursula von der Leyen.

O vice-presidente dos socialistas e democratas no Parlamento Europeu revela que já transmitiu estas preocupações ao primeiro-ministro e nas intervenções que tem feito nas reuniões do secretariado nacional do PS, o órgão de direção restrito de António Costa.

Questionado se o descontentamento social pelas políticas de Habitação se pode fazer sentir já na ida às urnas nas eleições europeias de 9 de junho, Pedro Marques não tem grandes dúvidas: "A situação em geral da crise do custo de vida, a situação geral dos preços da habitação, as dificuldades das famílias, as dificuldades concretas das classes médias, com certeza, que influenciarão o seu sentido de voto".

Ou seja, o voto de protesto ao Governo do PS poderá ser inevitável. Pedro Marques acrescenta que "claro que esta questão da habitação estará presente no voto das pessoas. Em Portugal, se calhar, penaliza-nos por estarmos a governar, vai beneficiar a minha família política noutros países europeus onde estejam a governar o centro-direita ou os liberais".

No fundo, a resposta ao problema da habitação é fator que penaliza: "quem está a governar no meio de uma crise económica e social tem uma penalização, temos visto isso nas sondagens", sintetiza o dirigente socialista.

Ainda assim, Pedro Marques diz-se "convencido" que o programa "Mais Habitação", somado às estratégias locais de habitação e aos mais de três mil milhões de euros de PRR para a Habitação, "darão resultados".

No polo oposto, o dirigente do PSD Pedro Duarte lamenta a posição de isolamento do Governo e do PS face aos partidos políticos e, sobretudo, em relação ao Presidente da República.

O coordenador do Conselho Estratégico Nacional do PSD salienta à Renascença que o "Governo devia ter a humildade de perceber que tem de encontrar um consenso com outros partidos, tem de, junto do Presidente da República e com o Presidente da República encontrar um ponto de convergência que lhe permita que todos estejamos a remar no mesmo sentido".

Questionado se essa abertura da maioria do PS poderia acontecer já na discussão da proposta do Orçamento do Estado de 2024, Pedro Duarte assume que "se mudar a atitude do Governo, todas são boas oportunidades", rematando que "não parece acontecer isso".