Lúcio Correia diz que não há nada que impeça os jogadores de deixar os clubes no final dos seus contratos, a 30 de junho, independentemente da conclusão, ou não, do campeonato.
Em entrevista a Bola Branca, Lúcio Correia lança a única alternativa para evitar a situação.
"É possível prorrogar o contrato por mais um ou dois meses, o tempo necessário. A questão não se coloca para quem tem contrato para lá de 30 de junho, só o direito a férias, que pode ser gozado mais tarde. É preciso um conjunto de medidas para salvaguardar a integridade das competições. Espero que a Federação, Liga e Sindicato se entendam, porque é essencial. Alterações nos plantéis ofenderia a verdade desportiva da competição", explica o especialista em Direito Desportivo.
No entanto, nada obrigará os jogadores a permanecer para lá dos atuais vínculos, caso assim queiram, ou caso tenham já chegado a acordo com outro clube. Nesse sentido, Lúcio Correia não coloca de parte a possibilidade de o campeonato terminar com as equipas muito desfalcadas.
"Os clubes devem sensibilizar os atletas para prorrogar os vínculos, mas temos a questão que o direito de trabalhar sobrepõe-se a qualquer norma regulamentar. Ou seja, se o atleta encontrar uma melhor solução para a sua vida profissional, não há forma de evitar isso. É preciso um entendimento entre todos. Imaginem uma equipa que tem 10 jogadores com outras oportunidades. Com que equipa vai jogar a partir do dia 1 de julho?", questiona.
Há ainda o caso dos jogadores que já estão oficializados noutros emblemas, como é o caso de Francisco Trincão, que, a partir do dia 1 de julho, deixa de ser jogador do Sporting de Braga e passa a representar o Barcelona: "Ninguém pode obrigar o atleta a ficar. Qual é o clube que investe 30 milhões num atleta e depois fica sujeito a que o seu investimento saia gorado porque o jogador se lesionou numa última jornada do campeonato? É impensável".
UEFA não esclareceu contratos
Lúcio lamenta que a UEFA não se tenha pronunciado sobre a situação contratual dos jogadores, face à possível extensão dos campeonatos para lá da data de fim dos contratos.
"É uma questão que a UEFA perdeu a oportunidade de ajudar as Ligas. Deveria ter dado soluções porque há campeonatos que não vão conseguir terminar antes de 30 de junho e nada nos garante que isso não vá acontecer em Portugal. Fico espantado e desagradado pela oportunidade que se perdeu. Ou são tomadas medidas já e com muita segurança e assertividade, ou as consequências podem ser piores para nós", começa por dizer.
Reforços para as últimas jornadas?
Lúcio Correia risca a possibilidade dos clubes inscreverem jogadores a 1 de julho, dia em que abre o mercado de transferências.
"Não podemos esquecer que a janela de transferências abre a 1 de julho. Os plantéis não podem ter reforços, é uma norma prevista a nível internacional. Fico surpreendido como não há nenhuma indicação do retardamento da janela de transferências. Os clubes não podem inscrever atletas", afirma.
Regulamento obriga que o campeonato tenha 34 jornadas
Quanto à atribuição do título de campeão, o Professor Universitário de Direito Desportiva rejeita as possibilidades de atribuição do título à equipa que vai à frente ou de atribuir o título ao vencedor da primeira volta. Os regulamentos não contemplam esses cenários.
"O campeonato português vai sempre ter todas as jornadas. O regulamento obriga. Ouvi barbaridades, que seria campeão quem terminasse a primeira volta em primeiro lugar, o que é um absurdo. Quem tivesse à frente do campeonato na altura da paragem é outro absurdo. O regulamento é esclarecedor, as equipas têm de jogar duas vezes entre elas e fazer todas as jornadas", explica, a Bola Branca.
E mesmo que a Liga quisesse, uma alteração de regulamento nunca poderá ter efeito imediato: "O regulamento está em vigor e não pode ser alterado esta época. Mesmo que houvesse alteração extraordinária, só teria efeito na época seguinte, é o que diz a nossa lei", remata.