“Como os Magos, também nós devemos deixar-nos instruir pelo caminho da vida, marcado pelas dificuldades inevitáveis da viagem”, disse o Papa nesta quarta-feira de manhã.
Durante a homilia da missa da epifania, que celebrou na Basílica de São Pedro, Francisco pediu que “não deixemos que o cansaço, as quedas e os fracassos nos precipitem no desânimo; antes pelo contrário, reconhecendo-os com humildade, devemos fazer deles ocasião de progredir para o Senhor Jesus.”
A partir do exemplo dos reis magos, o Papa sublinhou que "a vida não é uma demonstração de habilidades, mas uma viagem rumo Àquele que nos ama”, por isso, “não devemos mostrar o passe das nossas virtudes, mas, com humildade, avançar para o Senhor com tudo o que somos. Olhando para Ele, encontraremos a força para continuar com renovada alegria".
Nos tempos que correm, Francisco reconhece que “adorar o Senhor não é fácil, nem imediato: requer uma certa maturidade espiritual, sendo o ponto de chegada dum caminho interior, por vezes longo”. Mas advertiu que, se o ser humano não adorar a Deus, “adorará ídolos e, em vez de ser crente, tornar-se-á idólatra”.
Três ideias-chave podem aprender-se com os reis magos: “levantar o olhar”, “pôr-se a caminho” e “ver”. Para Francisco, é preciso levantar os olhos “para não se deixar enredar pelos fantasmas interiores que apagam a esperança, nem fazer dos problemas e dificuldades o centro da própria existência”.
“Isto não significa negar a realidade, fingindo-se ou iludindo-se que tudo corre bem, mas olhar de modo novo os problemas e as angústias”. No fundo, “é preciso ter a coragem de romper o círculo das nossas conclusões precipitadas, sabendo que a realidade é maior do que os nossos pensamentos”, explicou.
O “pôr-se a caminho” implica sempre um desejo de conversão, “uma transformação, uma mudança”, tal como aconteceu com a vida dos Magos do Oriente, que “foram capazes de ‘ver’ para além das aparências”.
Ao contrário de Herodes e dos notáveis de Jerusalém, que “representam a mundanidade – olham e não sabem ver porque são escravos da aparência, sempre à procura de atrativos e só dão valor às coisas sensacionais e ao que chama a atenção dos outros” – os reis magos tinham uma forma de ‘ver’ que nos interessa”, concluiu o Papa.
“Transcende o visível, faz-nos adorar o Senhor muitas vezes escondido em situações simples, em pessoas humildes e marginais. Trata-se, pois, dum olhar que, não se deixando encandear pelos fogos de artifício do exibicionismo, procura em cada ocasião aquilo que não passa, procura o Senhor”.
Jesus não nasceu só para alguns: é para todos
Na oração do Angelus, o Papa sublinhou que Jesus nasceu, “não só para alguns, mas para todos os homens, para todos os povos”. E que a sua luz não se espalha por toda a terra “através dos meios poderosos dos impérios deste mundo, que procuram sempre apoderar-se do domínio sobre ele”, mas sim “através da proclamação do Evangelho” e com o mesmo “método” escolhido por Deus para estar meio de nós: a encarnação.
No final, Francisco manifestou preocupação pelo que se passa na República Centro-africana e apelou a “um diálogo respeitador entre as partes, que evite todo o tipo de violência"