Veja também:
- Armando Pereira. Cofundador da Altice presta declarações em interrogatório na segunda-feira
- O que está em causa no caso Altice?
- Grupo Altice deu início a investigação interna sobre processos de aquisição e venda de imóveis
- Quem é Armando Pereira, o cofundador da Altice detido por suspeitas de corrupção?
- Corrupção. Estado e Altice terão sido lesados em mais de 100 milhões de euros
O empresário Hernâni Vaz Antunes, suspeito no processo ligado ao cofundador da Altice Armando Pereira, entregou-se este sábado às autoridades no Porto, dois dias após o início da operação do Ministério Público (MP) e da Autoridade Tributária (AT).
A informação foi avançada pela CNN Portugal e confirmada à Lusa por fonte ligada ao processo. Hernâni Vaz Antunes consumou a apresentação numa esquadra da PSP este sábado à noite, poucas horas depois de ter manifestado, numa nota divulgada pela sua defesa, que estava disponível para ser ouvido pelas autoridades, negando estar "em fuga ou em parte incerta".
Hernâni Vaz Antunes é conhecido como o braço direito do cofundador da Altice Armando Pereira, detido na quinta-feira, na sequência da operação desenvolvida pelo Ministério Público e pela Autoridade Tributária sobre suspeitas em torno de negócios relacionados com a Altice Portugal.
Também já detidos nessa operação foram Jéssica Antunes, filha de Hernâni Vaz Antunes, e o economista Álvaro Gil Loureiro. Os três detidos foram hoje identificados perante o juiz Carlos Alexandre no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, e vão prestar declarações em interrogatório.
De acordo com o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do MP, a operação desencadeada na quinta-feira, que levou às três detenções, contou com cerca de 90 buscas domiciliárias e não domiciliárias, entre as quais instalações de empresas e escritórios de advogados em vários pontos do país.
Em causa está, alegadamente, uma "viciação do processo decisório do Grupo Altice, em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência", que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva. As autoridades destacam ainda que a nível fiscal o Estado terá sido defraudado numa verba "superior a 100 milhões de euros".
A investigação indica também a existência de indícios de "aproveitamento abusivo da taxação reduzida aplicada em sede de IRC na Zona Franca da Madeira" através da domiciliação fiscal fictícia de pessoas e empresas. Entende o MP que terão também sido usadas sociedades offshore, indiciando os crimes de branqueamento e falsificação.
Nas buscas, o DCIAP revelou que foram apreendidos documentos e objetos, "tais como viaturas de luxo e modelos exclusivos com um valor estimado de cerca de 20 milhões de euros".
[notícia corrigida - Hernâni Vaz Antunes e não Hernâni Vaz Rodrigues]