As organizações sindicais médicas ameaçam avançar com uma greve nacional dos médicos caso não cheguem a bom porto as negociações que serão apresentadas à tutela num programa com vista à resolução dos problemas do sector.
No final de uma reunião entre as organizações médicas, reunidas esta sexta-feira no Fórum Médico, estas consideraram que "a pressão excessiva e a interferência, por parte da tutela, nas boas práticas médicas e, consequentemente, na qualidade da medicina, ultrapassou o limite do aceitável".
"Os médicos e os doentes portugueses estão indignados com a situação que se vive actualmente na saúde", segundo o comunicado enviado à comunicação social no final do encontro.
Os participantes do encontro consideram que "o acesso aos cuidados de saúde continua a agravar-se, existindo uma gritante injustiça e desigualdade entre os grandes centros urbanos e as regiões mais periféricas, mais carenciadas e mais desfavorecidas".
Por seu lado, "as condições de trabalho continuam a agravar-se. O contexto laboral e salarial mantém-se em níveis de deterioração elevados. A capacidade formativa está amputada devido à escassez de capital humano e requisitos no Serviço Nacional da Saúde (SNS)".
As organizações médicas congratulam-se com "a união e convergência de todas as organizações médicas e de todos os médicos na defesa dos doentes e da qualidade da medicina".
"Estimular as organizações médicas para que, no âmbito das suas competências legais, apresentem um programa de negociações, dotado de um curto calendário negocial e onde todos os problemas que afectam a medicina e os médicos sejam objecto de análise e resolução" foi uma das decisões saídas do encontro.
Os subscritores defendem que este "programa global de negociações deve contemplar aspectos fundamentais vertidos nos cadernos negociais dos sindicatos médicos já reiteradamente entregues ao Ministério".
"A questão da reposição do valor remuneratório do trabalho suplementar a que os médicos são obrigados, não sendo matéria isolada é de imperiosa resolução a muito curto prazo", prosseguem.
As organizações sindicais médicas avisam que, "caso as negociações não se traduzam a curto prazo em resultados", estão "preparadas para desencadearem os adequados mecanismos legais de convocação de uma greve nacional dos médicos".