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A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, considera que, embora tenha passado situações difíceis no passsado recente, como a crise financeira ou a questão da migração, "a Europa ainda não está suficientemente preparada para suportar a crise", diante do desafio sem precedentes como o da pandemia da coronavírus.
Ainda assim, a chacceler, diz que "todos os Estados-Membros têm um interesse genuíno em manter um forte mercado único europeu e em nos apresentarmos no mundo como um bloco".
Na véspera da Alemanha, assumir a atual presidência do Conselho da União Europeia (UE) em 1 de julho, Merkel recebeu jornalistas do grupo de imprensa europeia, na Chancelaria de Berlim. Nesta entrevista conjunta, o chanceler respondeu de forma abrangente a perguntas sobre política europeia e mundial.
Angela Merkel defendeu uma mudança alemã para um plano de apoio financeiro da UE composto por créditos e transferências diretas. "Nesse contexto, a Alemanha não deve pensar apenas em si mesma, mas deve estar pronta para realizar um ato extraordinário de solidariedade", afirmou o chanceler.
Merkel lembrou nesta entrevista que na crise do euro, faltavam instrumentos para oferecer uma resposta adequada, depois vieram as deficiências no sistema de asilo da UE durante os fluxos de refugiados de 2015.
"A pandemia do coronavírus apresenta-nos um desafio de dimensões sem precedentes. A pandemia chegou a todos nós sem culpa da nossa parte. Por um lado, desvia-nos do desenvolvimento económico positivo em todos os Estados-Membros da União Europeia. E, por outro lado, é acompanhada pelos dois principais fenómenos disruptivos de nosso tempo, as mudanças climáticas e a digitalização, que por si só transformam as nossas vidas e as nossa economia. Estou muito focada em todas essas questões", afirma a líder alemã nesta entrevista conjunta.
A chanceler explicou também que a Alemanha, ao contrário do grupo designado por "frugais", olha para esta crise com uma renovada prespetiva solidária. "A pandemia do coronavírus significa para Itália e para a Espanha, por exemplo, uma enorme carga, do ponto de vista económico, sanitário, e emocional pelo elevado número de vítimas mortais. Neste contexto, é preciso que a Alemanha não pense apenas em si mesma, e esteja disposta a realizar um extraordinário ato de solidariedade".
A chanceler alemã defendeu, por diversas vezes nesta entrevista, que é o momento de fazer "algo extraordinário". "A Alemanha tinha um baixo índice de endividamento e pode permitir-se a um maior endividamento nesta situação ímpar. Ao mesmo tempo, é muito importante para nós manter o programa em conformidade com os tratados europeus", contrapôs.
"E, nesse contexto, é claro que também agimos no nosso próprio interesse. É do interesse alemão que tenhamos um mercado único forte, que a União Europeia esteja convergindo e não se desintegre. O que é bom para a Europa tem sido e é bom para nós", concretiza.
A mesma responsável diz ainda que o Fundo de Recuperação não resolverá todos os problemas da Europa, no entanto, não o ter iria agravá-los a todos. Merkel diz que a situação económica na Europa tem muitas implicações, e possíveis taxas de desemprego altas podem levar a mudanças políticas que coloquem a "democracia em risco", aludindo desta forma ao crescimento das forças de extrema-direita e nacionalistas no continente.