O produtor da curta-metragem "Ice Merchants" Bruno Caetano acredita que a obra "mexe connosco e estabelece uma ligação humana" com o espectador e será essa uma das razões para a nomeação histórica para os Óscares.
É a primeira vez que o Cinema português recebe uma nomeação para os prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas norte-americana. Um momento que Bruno Caetano diz à Renascença que viveu em direto, acompanhado pelo realizador João Gonzalez e "cerca de 20 pessoas" que participaram na produção da curta-metragem.
"Fiquei um pouco incrédulo. Não acreditava. Via o nome no ecrã e estava em dificuldade para processar aquilo. Mas depois todos celebramos a alto e bom som e mandamos beijinhos uns aos outros e bebemos um copo para celebrar", conta.
O produtor considera que o realizador João Gonzalez conseguiu criar "uma curta com uma dinâmica muito interessante". E recorda momentos de exibição do filme, como no Festival de Cannes, em que havia pessoas "a chorar desalmadamente".
"O filme tem essa capacidade. Tem esse alcance. Faz com que se sinta algo muito forte. É por aí o sucesso do percurso internacional do filme", refere.
Bruno Caetano destaca "o talento de autor em Cinema de animação íncrivel" que existe em Portugal, mas que há sempre um desafio de "conseguir financiamento e ter equipas ressarcidas de forma a terem uma vida condigna".
Por outro lado, indica também a dificuldade "em chegar a um público português".
"Não há uma montra para demonstrar a qualidade dos filmes que estão a ser feitos em Portugal", aponta.
No entanto, Bruno Caetano acredita que "isto está a mudar aos poucos", recordando que houve "muito interesse" em sessões feitas para promover as curtas-metragens em corrida para as nomeações aos Óscares, onde também foram exibidos "O homem do lixo", de Laura Gonçalves e "O lobo solitário", de Filipe Melo.
"Eu espero que esta nomeação ajude a que se saiba que há muitas boas obras de animação autorais a serem feitas em Portugal", diz, ainda.