As organizações humanitárias na Ucrânia precisam de 400 milhões de euros para ajudar, no inverno, os mais afetados pelas infraestruturas danificadas pela guerra, anunciou esta quinta-feira a agência da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários.
"Com a chegada do inverno e as temperaturas a descerem abaixo de zero, os ataques às infraestruturas energéticas e aos sistemas de água e gás poderão agravar ainda mais a situação humanitária, especialmente perto da linha da frente", alerta o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), num relatório hoje divulgado.
De acordo com a agência da ONU, os parceiros humanitários prevêm dar assistência a mais de 1,7 milhões de pessoas em toda a Ucrânia no âmbito do Plano de Resposta de Inverno.
"Desde o início deste ano, os ataques continuaram a danificar casas e instalações energéticas. As pessoas mais afetadas pela guerra poderão enfrentar um inverno rigoroso e ser forçadas a fazer escolhas difíceis, como entre aquecimento ou outros serviços", refere o OCHA, acrescentando que o plano vai estender-se até março de 2024.
"A prestação desta assistência já está em curso e mais de 361 mil pessoas receberam apoio de inverno em outubro", refere ainda a agência que explica terem sido atribuídos produtos para aquecimento, como agasalhos, combustível, cobertores e geradores, além de medicamentos essenciais e equipamentos médicos.
"Quase 540 organizações humanitárias estão a implementar atividades no âmbito do Plano de Resposta Humanitária de 2023, das quais mais de 65% são organizações não-governamentais (ONG) ucranianas.
Segundo refere o OCHA, dos 11,1 milhões de pessoas que receberam assistência na Ucrânia este ano, mais de 60% eram mulheres e raparigas e quase 20% eram crianças.
A comunidade humanitária prestou serviços de saúde a 7,2 milhões de pessoas, serviços de água e higiene a 5,8 milhões, apoio alimentar e de subsistência a 4,1 milhões e serviços de proteção infantil a 2,2 milhões.
Além disso, 1,9 milhões de professores e crianças receberam apoio educativo e quase dois milhões foram alvo de serviços de proteção, como aconselhamento, assistência jurídica e programas de sensibilização.
Quase 1,3 milhões de pessoas foram apoiadas como parte de iniciativas para prevenir a violência baseada no género e ajudar os sobreviventes.
Os esforços de ação contra as minas atingiram 800.000 pessoas, principalmente através de atividades de sensibilização sobre as minas e de educação sobre os riscos.
"A guerra na Ucrânia continua a ter um impacto grave na vida das pessoas, a danificar infraestruturas civis e meios de subsistência críticos e a desencadear deslocamentos obrigatórios de civis das comunidades da linha da frente, gerando grandes necessidades humanitárias", lembra o OCHA.
De acordo com a ONU, desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022, e até outubro passado, foram registadas mais de 28.350 vítimas civis, número que deverá ser mais elevado já que ainda há muitos desaparecidos.