A representante da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) para a liberdade de imprensa, Teresa Ribeiro, pede ao Reino Unido para não extraditar o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, para os Estados Unidos.
A antiga secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação (2015-2019) solicitou às autoridades britânicas que levem em conta o impacto essa decisão "sobre a liberdade de expressão".
Teresa Ribeiro instou o secretário do Interior britânico, Priti Patel, a ter em consideração "o interesse público de várias publicações do WikiLeaks, que contribuíram para importantes relatórios e relatórios investigativos", segundo um comunicado.
"Que alguém que revele material de interesse público possa enfrentar uma longa pena de prisão pode ter um impacto sério e duradouro no jornalismo de investigação", disse a responsável portuguesa.
Nesta linha, Teresa Ribeiro lembrou aos 57 países associados à OSCE, incluindo o Reino Unido, que o acesso à informação de interesse público "permite que pessoas tomem decisões bem informadas, garante transparência e prestação de contas".
A Justiça britânica deu a sua aprovação em abril para extraditar o ativista para os Estados Unidos, cuja Justiça o acusa por 18 alegados crimes de espionagem e invasão de computadores para as revelações do seu portal WikiLeaks.
O antigo "hacker" enfrenta uma pena de 175 anos de prisão por revelar abusos dos Estados Unidos na sua base militar em Guantánamo (Cuba) e nas guerras no Iraque e no Afeganistão.
Julian Assange, preso em 2010 por alegados crimes sexuais hoje arquivados, passou mais de uma década no Reino Unido, primeiro em prisão domiciliária, depois, entre 2012 e 2019, como refugiado na embaixada equatoriana em Londres, e agora na prisão de Belmarsh, perto da capital britânica.