Um tribunal do Camboja condenou Kem Sokha, cofundador do Partido Nacional (PSNC) local e figura da oposição, a 27 anos de prisão domiciliária. A condenação acontece por “conluio com estrangeiros no Camboja e noutros lugares”, mas grupos de direitos humanos dizem que a mesma tem motivação política.
Sokha fica, igualmente, proibido de votar ou concorrer a cargos políticos.
A sentença proferida por um juíz do tribunal de Phnom Penh entrou imediatamente em vigor: o político foi levado para casa, onde deverá permanecer, sem contacto com qualquer pessoa que não pertença à sua família.
O embaixador norte-americano naquele país, W. Patrick Murphy, acredita no que é dito pelos grupos de direitos humanos. Aos jornalistas, diz que a condenação é um erro da justiça e foi baseada numa “conspiração fabricada”.
A acusação foi sempre contestada por Kem Sokha, que já tinha sido detido em setembro de 2017, suspeito de tentar derrubar o governo de Hun Sen.
No poder desde 1985, Hun Sen tem sido acusado de provocar um retrocesso das liberdades democráticas, com a instrumentalização dos tribunais para repressão de opositores, ativistas e defensores dos direitos humanos.
Esta não é, de resto, uma decisão inédita. Já em outubro de 2022, a justiça cambojana tinha condenado à revelia outro dos fundadores do PSNC, Sam Rainsy, a prisão perpétua. Rainsy, líder histórico da oposição, foi acusado de “entregar a um estado estrangeiro todo ou parte do território” do Camboja. O político nunca cumpriu a pena porque está no exílio desde 2015.
As próximas eleições estão agendadas para julho de 2023 e Hun Sen, há 37 anos no poder, vai concorrer a mais um mandato.