Os embaixadores dos 27 Estados-membro da União Europeia (UE) estão reunidos em Bruxelas, esta quinta-feira, para discutir a escalada da ofensiva militar russa na Ucrânia, com novas sanções em hipótese.
A presidência francesa do Conselho da UE anunciou, no Twitter, que o Comité de Representantes Permanentes (Coreper) está reunido desde as 8h00 de Lisboa para "fazer o ponto de situação em matéria de segurança no leste da Europa" e "preparar a reunião extraordinária do Conselho Europeu" da noite desta quinta-feira.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já revelou que está a ser delineado "um novo pacote de sanções", que será "rapidamente adotado". A UE está a coordenar a resposta com o G7 e a NATO.
Fontes europeias avançaram à agência Lusa, na quarta-feira, que em discussão estão medidas que abrangem 27 entidades e membros do Parlamento russo (Duma), assim como o congelamento de bens de dois bancos privados russos, o Sberbank e o VTB Bank, e restrições económicas às duas regiões separatistas.
Boris condiciona cidadãos russos. Biden promete "sanções severas"
O primeiro-ministro britânico anunciou, na terça-feira, que vai impor sanções a cinco bancos russos no Reino Unido - Rossiya, IS Bank, General Bank, Promsvyazbank e Black Sea Bank - e a três multimilionários, que verão os seus bens congelados e ficarão impedidos de viajar para território britânico. Boris Johnson acrescentou, ainda, que há "mais sanções prontas para serem impostas" caso a situação continue a agravar-se.
Também está em ponderação a restrição da capacidade de cidadãos russos investirem e viverem no Reino Unido, pondo fim ao programa dos "vistos gold", que permite que cidadãos estrangeiros obtenham visto de residência através de investimento. Há 14.516 cidadãos russos nessa situação.
Em comunicado emitido pela Casa Branca, o Presidente dos Estados Unidos da América anunciou que se reuniria com os líderes do G7, para impor "sanções severas" à Rússia, depois deste "ataque injustificado". Joe Biden garantiu, ainda, que os EUA continuarão a "prestar apoio e assistência à Ucrânia e ao povo ucraniano".
Biden já tinha assinado uma ordem executiva que proíbe "novos investimentos, comércio e financiamento" por parte de cidadãos dos EUA para, de, ou nas duas regiões separatistas da Ucrânia.
Os EUA já conseguiram que o novo chanceler alemão, Olaf Scholz, desativasse o novo gasoduto que liga a Rússia à Alemanha, o Nord Stream 2.
Adeus ao dólar, bloqueamento de bancos, abaixo o rublo
A Rússia pode, ainda, ser excluída do sistema financeiro internacional SWIFT, utilizado por milhares de instituições financeiras em mais de 200 países. Isto dificultaria muito os negócios dos bancos russos no estrangeiro.
Outras sanções financeiras à Rússia podem incluir a proibição de transações financeiros envolvendo dólares norte-americanos. Isto afetaria a economia russa, uma vez que as vendas de petróleo e gás são feitas, maioritariamente, na moeda dos EUA. O Reino Unido pode implementar a mesma medida com a libra e a União Europeia com o euro.
Pode, também, haver um reforço do bloqueio da Rússia aos mercados internacionais de dívida, fazendo os custos do empréstimo do país governado por Vladimir Putin aumentar e o valor do rublo diminuir. Uma medida para que Moscovo já se precaveu, ao reduzir o montante da dívida detida por investidores estrangeiros.
Uma medida possível, mas que também teria impacto negativo para quem a aplicasse, é o bloqueamento de alguns bancos russos. Obrigaria Moscovo a ajudar as instituições em causa, por forma a evitar que a inflação aumentasse e os rendimentos caíssem.
Os EUA podem impedir as suas empresas de vender à Rússia qualquer mercadoria que inclua "hardware" e "software", o que afetaria toda a economia russa e não apenas os setores aeroespacial e da Defesa.
Energia é setor vital para a Rússia e sensível para a UE
Fonte significativa de receitas para a Rússia é o setor da energia, pelo que poderá ser um dos principais alvos de sanções. Os líderes do Ocidente poderão, por exemplo, ilegalizar a compra de petróleo a conglomerados energéticos como a Gazprom ou a Rosneft.
Contudo, sanções ao setor energético podem ter consequências negativas para toda a Europa, que está dependente do gás vindo da Rússia.
EUA e Europa esperam que a elite russa exerça pressão sobre Putin. Para tal, uma medida possível é dirigir sanções a pessoas próximas ou associadas ao Presidente russo, para que não consigam aceder a dinheiro guardado noutros países ou ter os filhos a estudar em escolas e universidades internacionais.
A Rússia poderá minimizar o impacto das sanções ocidentais com o apoio da China e outros países aliados. Além disso, o Kremlin espera que EUA e, especialmente, Europa recuem na intenção impor certas proibições por receio de também sofrerem com elas.