É um momento inédito em Lisboa e pouco comum no país. Realiza-se este domingo, 12 de fevereiro, o primeiro referendo local de Lisboa, o sexto a nível nacional em quase 50 anos de democracia.
Será na freguesia de Benfica que 32 mil eleitores são chamados a dizer se querem ou não ver alargada a área de estacionamento regulada pela EMEL. O referendo local é um processo semelhante a qualquer eleição: as mesas de voto estão instaladas em escolas e os eleitores recenseados na freguesia podem votar das 8h00 às 19h00.
Atualmente, cerca de 10% da freguesia já tem estacionamento regulado pela empresa municipal.
O assunto tem dividido a população que tem participado ativamente em várias ações de esclarecimento. Segundo o presidente da junta de freguesia, Ricardo Marques, houve uma assembleia na qual participaram 400 pessoas.
Na esgrima dos argumentos, do lado do "não", João Paulo Santos diz que abrir a porta a mais parquímetros na freguesia não vai resolver problemas de estacionamento.
“Se nós neste momento já temos um conjunto de lugares limitado, esse conjunto de lugares vai manter-se, porque a EMEL não vai contribuir com um incremento de lugares para a falta de estacionamento que já existe na freguesia”, argumenta.
João Paulo Santos diz mesmo não ter dúvidas que “esta regulamentação vai resultar apenas num aumento de gastos para os nossos fregueses”.
Do lado do "sim", Rui Simão diz que a freguesia, por ter poucos parquímetros, “acaba por funcionar como um parque dissuasor a céu aberto”, onde “as pessoas estacionam aqui os seus carros e depois apanham os meios de transporte para o centro da cidade”.
Rui Simão dá ainda outros exemplos: “hoje em dia um cuidador informal não tem nenhuma condição vantajosa para aceder a esta zona, enquanto noutras partes da cidade, têm um dístico de cuidador informal; os veículos elétricos têm um dístico verde. Nós não temos nenhuma dessas ferramentas de gestão moderna da mobilidade”.
Pare ser vinculativo, o referendo terá de ter uma participação de 50% mais um. O presidente da Junta, Ricardo Marques, considera “difícil” que 16 mil eleitores cumpram o seu direito de voto. “Acima de oito, dez mil votos ficaríamos muito satisfeitos com esta demonstração da nossa comunidade, de preocupação, de vida ativa.
Independentemente da afluência às urnas, Ricardo Marques assegura desde já que vai respeitar “a vontade dos cidadãos”.