O Papa Francisco nomeou este sábado uma nova constituição para a Comissão Pontifícia para a Tutela dos Menores (CPTM), que inclui vítimas de abusos sexuais, para um trabalho centrado na “escuta das pessoas abusadas”, anunciou o organismo.
O pontífice reconfirmou na liderança da CPTM o cardeal Seán O’Malley, arcebispo de Boston (EUA), que é acompanhado por 16 pessoas, entre elas 9 novos membros, numa lista em que se incluem vítimas de abusos.
Em comunicado divulgado pela Santa Sé, a comissão apresenta como prioridade para o novo mandato “escutar e aprender com as pessoas que foram abusadas, os membros das suas famílias e aqueles que as apoiam”.
O Vaticano confirmou esta semana que o Papa Francisco se encontra “várias vezes por mês” com vítimas de abusos por membros do clero ou em instituições de Igreja,encontros que decorrem de forma privada.
A CPTM defende uma abordagem com lema ‘vítima/sobrevivente primeiro’ (“victim/survivor first”) para as definições dos seus programas de intervenção.
Os nove elementos que se somam à equipa são Benyam Dawit Mezmur (Etiópia); Arina Gonsalves, (Índia); Neville Owen (Austrália); Sinalelea Fe’ao (Tonga); Myriam Wijlens (Holanda); Ernesto Caffo (Itália); Jane Bertelsen, (Reino Unido); Teresa Kettelkamp (EUA); Nelson Giovanelli Rosendo Dos Santos (Brasil).
Da comissão anterior transitam Gabriel Dy-Liacco (Filipinas); D. Luis Manuel Alì Herrera (Colômbia); padre Hans Zollner, SJ (Alemanha); Hanna Suchocka (Polónia); Kayula Lesa (Zâmbia); Hermenegild Makor (África do Sul); D. Robert Oliver (EUA).
O cardeal O’Malley afirma, em comunicado, que a nova equipa traz uma “perspetiva global da proteção dos menores e dos adultos vulneráveis”.
“O Santo Padre assegurou a continuidade do trabalho da nossa comissão, isto é, assistir as Igrejas locais de todo o mundo nos seus esforços de proteger das feridas todas as crianças, jovens e adultos vulneráveis”, acrescentou.
Os oito homens e oito mulheres escolhidos são “peritos internacionais” na defesa dos menores e dos adultos vulneráveis do “crime dos abusos sexuais”.
O elenco inclui vítimas de abusos sexuais, sendo a decisão de “revelar ou não” publicamente a sua própria experiência uma decisão de cada pessoa.
Neste caso, os membros nomeados hoje decidiram “não o fazer” de forma pública, mas apenas no seio da CPTM.
Um dos próximos projetos deste organismo do Vaticano é a criação de um Grupo Consultivo Internacional de Sobreviventes, por proposta de um grupo de trabalho presidido por Sheila Hollins, um dos membros fundadores da CPTM.
Nos últimos quatro anos, a CPTM trabalhou com cerca de 200 dioceses e comunidades religiosas dos cinco continentes, assumindo como “maior desafio” o esforço de “inculturar a prevenção e a proteção dos abusos na vida e na ação das Igrejas locais”.
A nota conclui-se com um agradecimento à Santa Sé, que “apoia e encoraja estes esforços”.
A Comissão Pontifícia para a Proteção dos Menores, instituída pelo Papa em março de 2014, propôs, por exemplo, a criação de uma Jornada de Oração pelas vítimas dos abusos e de uma liturgia penitencial, em todas as dioceses católicas.