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A Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros recebeu denúncias de vacinação indevida contra a Covid-19 a dirigentes da Associação de Solidariedade Social de Farminhão, em Viseu, mas a direção diz que apenas seguiu as normas da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS).
Segundo uma carta anónima enviada para aos enfermeiros, “a administração da 1.ª dose da vacina contra a Covid-19 terá ocorrido no dia 18 de janeiro, tendo abrangido todos os utentes e colaboradores da Unidade de Cuidados Continuados de Farminhão, uma valência da Associação de Solidariedade Social de Farminhão, uma instituição particular de solidariedade social do concelho de Viseu”.
Ao que tudo indica, além dos colaboradores e utentes da Unidade de Cuidados Continuados, “foram também vacinados o presidente da Assembleia Geral, o presidente da Direção, a vice-presidente (filha do presidente da Direção), a vogal (esposa do presidente da Direção), o tesoureiro, o vogal e a diretora executiva”.
A carta aponta que foram “também vacinadas duas funcionárias da secretaria que exercem as suas funções no edifício do lar e não na Unidade de Cuidados Intensivos”: a esposa do tesoureiro e uma mulher que, no dia da vacinação, se encontrava de baixa há mais de um mês e veio só para receber a vacina, continuando de baixa.
À Renascença, o presidente da direção desta associação de solidariedade social diz que apenas seguiu o normativo da CNIS. Duarte Coelho explica que as regras dizem que também devem ser vacinados contactos próximos da instituição: “Primeiro os utentes, segundo os colaboradores trabalhadores e, em terceiro, pessoas que estão em contacto direto com utentes ou trabalhadores na instituição- dirigentes ativos”.
“Cumprimos exatamente o que está aqui.” Assim, foram vacinados quatro elementos da direção, menos a secretária. “Todos os que foram vacinados são prioritários e de risco”, garante.
O outro caso é avançado pelo “Correio da Manhã”. Segundo o jornal, o administrador do Hospital Narciso Ferreira, em Vila Nova de Famalicão, incluiu a filha e a mulher na lista de profissionais prioritários que já foram vacinados com a primeira dose contra a Covid-19.
Salazar Coimbra chegou mesmo a mentir sobre a profissão da mulher, que promoveu a médica para justificar a vacinação, segundo o jornal.
O administrador hospitalar já negou “qualquer fraude” no processo de vacinação na instituição, garantindo que a mulher e a filha foram vacinadas porque se voluntariaram para ajudar no combate à pandemia de covid-19.
Em comunicado enviado à agência Lusa, Salazar Coimbra acrescenta que ele próprio foi vacinado porque é diretor clínico do hospital, situado em Riba de Ave, Vila Nova de Famalicão, e propriedade da Santa Casa da Misericórdia local.
Recusando "qualquer fraude", o responsável explica que tanto a mulher como a filha, médica, foram incluídos no plano de vacinação daquela instituição porque ambas se ofereceram para ali dar apoio "na linha da frente da prestação de cuidados a doentes" covid-19.
“Não existe, assim, qualquer fraude no processo de vacinação. Aliás, sempre se diga que outros familiares de outros trabalhadores que colaboram com a instituição foram igualmente vacinados”, lê-se no comunicado.
Contactada pela Renascença, a ARS Norte não confirma se tem conhecimento deste caso em concreto, diz apenas que “todo o processo de vacinação está já a ser averiguado pela Inspeção-Geral de Atividades em Saúde”.
A Direção-Geral da Saúde desconhece o caso em concreto, mas sublinha que “foram feitas normas das fases de vacinação que definem prioridades que devem ser cumpridas”, lamentando ainda “todas as situações que incorrem em abuso”.
Estas situações juntam-se a outras de alegada má utilização das vacinas.
A diretora do Centro Distrital de Setúbal do Instituto da Segurança Social (ISS) apresentou o pedido de demissão depois de a SIC Notícias ter noticiado que 126 funcionários (incluindo dirigentes) terem sido vacinados indevidamente.
O conselho diretivo do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) aceitou o pedido do diretor regional no Norte, que colocou o lugar à disposição após autorizar a vacinação contra a Covid-19 de profissionais de uma pastelaria no Porto.
[notícia atualizada às 15h33 - com a reação do administrador do Hospital Narciso Ferreira]