O presidente do Conselho Regional do Norte, Miguel Alves, declara-se frustrado com a calendarização apresentada pelo primeiro-ministro para o processo de regionalização. O presidente da Área Metropolitana do Porto, Eduardo Vitor Rodrigues, está tranquilo e "contente" por haver uma estratégia.
Em declarações à Renascença, Miguel Alves, o autarca socialista de Caminha, diz que o país vai continuar a marcar passo.
"Devo demonstrar a minha frustração. Andamos a empatar há muito tempo, a marcar passo e, quando digo nós, não são os regionalistas. É o pais. Acho que vamos marcar passo. Percebo o pragmatismo, mas não posso concordar. E é uma pena porque nos vamos empatar e empatando-nos a nós vamos empatar o país. É uma pena”, critica Miguel Alves.
O autarca de Caminha defende que existem condições para se avançar com o referendo ainda nesta legislatura, ao contrário do que defendeu esta terça-feira o primeiro-ministro, António Costa, durante o debate quinzenal, no Parlamento.
"As condições para avançar com um referendo criam-se e os políticos devem criar essas condições. Os políticos não estão aqui para ser espectadores da ação política, nem espectadores daquilo que se passa no país. Mesmo assim, eu acho que havia condições. O Presidente da República estendeu o prazo até o início de 2021. O processo de descentralização está em curso e em 2021 tem também condições para poder estar mais estabilizado. E nós até ao final de 2023 teríamos certamente condições para fazer esse processo de descentralização."
Autarca de Gaia “convencido” que regionalização vai acontecer
Por sua vez, o presidente da Área Metropolitana do Porto, o também socialista Eduardo Vítor Rodrigues, não encontra nas palavras do primeiro-ministro sobre a regionalização razões para alarme.
O autarca de Vila Nova de Gaia está convicto de que, mais tarde ou mais cedo, a regionalização avança sem precipitações.
"Estou tão, tão convencido que estou muito contente com o facto de, finalmente, termos tido uma estratégia, um calendário de ações que levam a isso. Eu acho que o maior regionalista não é aquele que quer fazer a regionalização já amanhã, contra tudo e contra todos. É aquele que quer que a regionalização se venha a concretizar com a adesão popular e, desse ponto de vista, eu parece-me que as etapas estão bem concebidas”, argumenta.
Questionado se essa é uma resposta a Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, Eduardo Vitor Rodrigues garante que não.
“Rui Moreira não quer fazer referendo, portanto, nunca seria uma resposta a Rui Moreira”, sublinha.
O autarca de Gaia percebe que os sucessivos adiamentos podem ser entendidos como "uma estratégia de empatar a situação", mas mostra-se convicto de que "a eleição das CCDRs no primeiro semestre de 2020, através de um colégio eleitoral, é um primeiro passo para demonstrar aos cidadãos que a Regionalização é absolutamente relevante".
O presidente da Área Metropolitana do Porto considera fundamental que "os cidadãos estejam mobilizados e entendam a utilidade do processo do ponto de vista do desenvolvimento das regiões".
Eduardo Vítor Rodrigues reconhece que "há um conjunto de etapas a cumprir" e que ficaria preocupado se "hoje o primeiro-ministro tivesse anunciado o adiamento do referendo e que até não iria acontecer nada", mas o autarca lembra que "não foi isso que aconteceu", pois António Costa "anunciou a concretização do processo com um conjunto de medidas muito concretas a acontecer nesta legislatura, já no próximo meio ano".