O Papa rejeitou em entrevista à revista francesa "Paris Match" que haja “catastrofismo” nos seus alertas sobre ecologia e desejou que a Conferência de Paris sobre Alterações Climáticas, em Dezembro, “contribua para decisões concretas” e a “longo prazo".
"O cristão tem tendência ao realismo, não ao catastrofismo. No entanto, precisamente por isso, não podemos negar uma evidência: o sistema actual é insustentável", refere Francisco, em declarações divulgadas esta quinta-feira.
A 21.ª Conferência das Partes (COP21) sobre Alterações Climáticas, que vai decorrer no início de Dezembro, pretende alcançar na capital francesa um acordo mundial sobre metas vinculativas de redução de emissões de gases com efeito de estufa para substituir o Protocolo de Quioto.
“A nossa casa comum está contaminada, não para de deteriorar-se. Precisamos do compromisso de todos. Devemos proteger o homem da sua própria destruição", adverte.
Na sequência do que escreveu na sua encíclica "Laudato si", Francisco defende "novas formas de desenvolvimento” para que mulheres, homens e crianças que “sofrem com a fome, exploração, guerra e desemprego possam viver e crescer dignamente".
Capitalismo e lucro "não são diabólicos"
O Papa retoma as suas críticas ao actual sistema financeiro, mas precisa que o capitalismo e o lucro “não são diabólicos, desde que não os idolatremos”.
"A humanidade deve deixar de idolatrar o dinheiro e colocar novamente no centro o ser humano, sua dignidade, o bem comum, o futuro das gerações que vão viver na Terra depois de nós", assinala.
Francisco pede que a comunidade internacional intervenha com “urgência” perante os conflitos, como os da Síria e Iraque, e denuncia a “hipocrisia destes poderosos" que "falam de paz, mas que, por debaixo da mesa, vendem armas".
A entrevista refere ainda a canonização dos pais de Santa Teresa do Menino Jesus, Louis e Zélie Martin, numa cerimónia marcada para este domingo, no Vaticano.
O pontífice argentino fala dos novos santos como “um casal de evangelizadores” que deram testemunho da “beleza da fé em Deus”, juntamente com as suas cinco filhas.
Francisco voltou a falar de si como “um padre de rua”, confessando que gostaria de poder passear por Roma ou ir comer com os seus amigos, antes de revelar que não deixou de vestir, por completo, o traje eclesiástico por baixo da sua veste branca.