“Valorizo a confiança do primeiro-ministro”, disse o ministro das Infraestruturas, João Galamba, após ser confrontado com as críticas do Presidente da República, que defendeu a sua demissão.
Na longa audição na comissão parlamentar de inquérito à gestão da CPI, que começou na quinta-feira e terminou já de madrugada, João Galamba foi questionado pelo deputado Paulo Moniz, do PSD.
“Como acorda todos os dias bem depois do que o senhor Presidente da República disse? Sente-se legitimado?”, perguntou Paulo Moniz.
Na resposta, o ministro das Infraestruturas garante que acorda “todos os dias com sentimento de dever e obrigação de cumprir o meu trabalho”.
João Galamba diz que está no Governo com “orgulho, sentido de dever” e espera que com “competência”.
“É assim que eu acordo todos os dias e faço o meu trabalho. E acredite, senhor deputado, aquilo que eu valorizo é a confiança do senhor primeiro-ministro, a capacidade de eu executar o meu trabalho que tenho, acredite, e o trabalho que executo . É só isso e mais nada que valorizo e que me dá ou tira noites de sono. Mais nada. Mesmo mais nada”, sublinhou.
A 4 de maio, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu a exoneração de João Galamba, mas anunciou ao país que não ia dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas.
"Como pode esse ministro não ser responsável por situações bizarras e deploráveis" como as que foram relatadas até agora? "Responsabilidade é pagar por aquilo que se faz", respondeu o Presidente da República, adiantando que "foi por tudo isto que entendi que o ministro das Infraestruturas devia ter sido exonerado".
A declaração do Presidente aconteceu depois do ministro ter apresentado a demissão e do primeiro-ministro, António Costa, a ter rejeitado.
O primeiro-ministro pediu, a 2 de maio, desculpa aos portugueses pelo "incidente deplorável ocorrido no Ministério das Infraestruturas", mas segurou João Galamba.
O pedido de demissão "é um gesto nobre, mas que eu não posso em consciência aceitar", anunciou António Costa, referindo que considera que não lhe é "imputável pessoalmente qualquer falha" e que, por isso, assume responsabilidade pela decisão.