UE aprova vacina contra a Covid-19. "O peso que vai ter é magnífico, muito bom"
21-12-2020 - 16:54
 • Hugo Monteiro com redação

"Passamos a ter uma ferramenta que protege os grupos de risco, porque o grande problema desta pandemia são as infeções dos grupos de risco e as mortes nos grupos de risco", destaca o virologista Pedro Simas.

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O princípio do fim da pandemia pode ter acabado de começar, depois de, esta segunda-feira, a Agência Europeia do Medicamento ter aprovado a primeira vacina contra a Covid-19 a ser administrada aos cidadãos da União Europeia.

A aprovação da vacina da Pfizer/BioNTech, diz o virologista Pedro Simas, traz agora uma ferramenta essencial para, em primeira instância, proteger os grupos de risco.

"É fantástico, porque passamos a ter uma ferramenta, que é a vacina, que protege os grupos de risco, porque o grande problema desta pandemia são as infeções dos grupos de risco e as mortes nos grupos de risco, portanto o peso que [a vacina] vai ter é magnífico, é muito bom."

Em países como a Alemanha a vacinação vai arrancar de imediato. Em Portugal, as primeiras vacinas vão começar a ser administradas aos profissionais de saúde e grupos de risco no próximo domingo, 27 de dezembro.

Numa segunda fase, explica Pedro Simas, o objetivo será conseguir que o vírus deixe de ser pandémico e passe a ser endémico.

"Se somarmos o número de pessoas que vão ser vacinadas na primeira e na segunda fase de vacinação, isso responde a quase 40% da população portuguesa, o que significa que uma grande percentagem da população, por si só, já estará imune. Numa segunda fase precisamos que o vírus se torne endémico em vez de pandémico e aí sim, precisaremos de vacinar mais pessoas, que é a terceira fase, para atingir a tal imunidade de grupo.

Antes disso, a "função imediata" da vacina "é transformar o vírus de pandémico em endémico". Depois disso, a vacina contra a Covid-19 acabará por passar a ser como a da gripe, indica o virologista.

"A vacina vai ter um impacto gigantesco na proteção dos grupos de risco, na resolução da pandemia, mas, no futuro, mais a médio prazo, não vamos precisar de depender da vacina e, em princípio, iremos utilizar a vacina como se utiliza, por exemplo, a vacina para a gripe."

Questionado sobre a nova estirpe do coronavírus originalmente detetado no sul de Inglaterra, e que já levou os países europeus a fechar fronteiras com o Reino Unido, Pedro Simas explica de que forma é que pode ser mais perigosa do que variantes anteriores.

"Ela é perigosa no sentido em que, se houver mais infeções, há mais probabilidade de haver infetados nos grupos de risco e aí há mais internamentos e há mais mortes. No entanto, não é mais perigosa, no sentido em que não é por se transmitir melhor em relação às outras linhagens -- como já aconteceu no passado haver linhagens que predominam em relação a outras -- que os meios de contenção e os meios de proteção que nós usamos hoje em dia, que são as regras de distanciamento e o uso da máscara, deixam de ser suficientes. São suficientes."