A abertura do concurso público para colocação de médicos especialistas nos hospitais está atrasada meio ano. Há cerca de 600 recém-formados - que terminaram o internato em Abril - a aguardar pelo procedimento para poderem celebrar um contrato de trabalho num hospital público. Muitos destes jovens médicos são aliciados por hospitais privados e estrangeiros e acabam por desistir do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A notícia é avançada na edição desta sexta-feira do “Jornal de Noticias”. De acordo com o diário, só no último concurso dos especialistas de Medicina Geral e Familiar, que abriu em Setembro com um atraso de quatro meses, das 290 vagas abertas, 90 ficaram por preencher, diz ao JN o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha.
A situação preocupa o sindicalista. “São 170 mil utentes que continuam sem médico de família porque o Ministério da Saúde não teve capacidade para os contratar”, afirma.
Na mesma linha, também o bastonário da Ordem dos Médicos mostra-se indignado com a situação. Miguel Guimarães diz que é “demasiado grave para ser verdade” e classifica a atitude do Governo como um gravíssimo ataque ao Sistema Nacional de Saúde”.
Ainda esta semana, os médicos cumpriram um dia de greve que afectou consultas e cirurgias programadas. Os sindicatos pretendem uma redução das listas de utentes por médicos de família e uma redução de 18 para 12 horas semanais no serviço de urgência.
É ainda reclamada uma reformulação dos incentivos à fixação em zonas carenciadas, uma revisão da carreira médica e respectivas grelhas salariais e a diminuição da idade da reforma para os médicos, entre outras medidas.