António Costa devia ter feito "um pedido de desculpas por não ter conseguido fazer aquilo que ele desejava". É a opinião do comentador da Renascença João Duque, em análise à última mensagem de Natal do atual primeiro-ministro, em que Costa se despediu com avisos sobre a redução da dívida pública e elogios à herança que deixa depois de oito anos no Governo.
No habitual espaço de comentário d'As Três da Manhã, o economista não considera que o ainda primeiro-ministro "quisesse que o país estivesse como está neste momento em que, quando uma pessoa sai de casa com uma criança nos braços, não sabe para que hospital se há de dirigir". Contudo, essa é a razão que o leva a dizer que António Costa deve "assumir que houve uma responsabilidade na condução das pastas".
João Duque aponta ainda erros em "duas tarefas que são fundamentais para quem é primeiro-ministro". Um dos erros prende-se com a escolha das equipas, notório na "quantidade de casos, muitos deles não pelo exercício da função, mas porque estavam implicados em situações anteriores, que levou a que a escolha das pessoas depois pusesse em causa a sua continuidade no Governo".
O outro erro é "a questão da gestão da administração pública, do património público que lhe compete", com problemas tanto na saúde como na educação. Também a habitação, apesar de normalmente não ser uma "política pública", era uma das "promessas de António Costa", mas acabou por não ser cumprida.
"Não tínhamos um parque de habitação pública muito significativo, mas não fizemos nada para o melhorar, ou para o aumentar", apesar se ser notória "a pressão daquilo que foi o fluxo de não residentes a Portugal, fazendo subir e com tanto sucesso os preços da habitação em Portugal", sublinha o economista João Duque.