A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) critica a Galp por ser “um exemplo do que não deve acontecer”, defendendo que alterar o setor energético se faz também com reconversão de emprego e não com despedimentos, como irá acontecer em Matosinhos.
A Galp anunciou esta segunda-feira, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que vai concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos a partir do próximo ano.
Questionada sobre este anúncio, a líder do BE, Catarina Martins, defendeu que “a Galp é um exemplo do que não deve acontecer” e deixou claro que há “alterações a fazer do ponto de vista dos combustíveis, da energia em Portugal, em nome das alterações climáticas”.
“Mas isso far-se-á com a reconversão dos setores, o que significa também a reconversão do emprego. Nunca se fará por este tipo de despedimentos, que aquilo que faz é puxar a economia de Portugal para baixo”, condenou.
Mas este caso da refinaria de Matosinhos não é o único no qual a bloquista aponta o dedo à Galp.
“É uma empresa em que o Estado tem uma participação e que não usa o seu direito de voto nas assembleias gerais, é uma empresa que distribuiu milhões de euros aos seus acionistas e está a despedir trabalhadores. Isto é o que não pode acontecer. É o pior da economia”, criticou, lamentando ainda que seja “uma empresa que distribui milhões aos acionistas enquanto despede os trabalhadores”.
O Governo já considerou que a decisão da Galp de descontinuar a refinação em Matosinhos "levanta preocupações" em relação ao destino dos trabalhadores, mas lembra que as medidas anunciadas se inserem num processo que visa a descarbonização do setor energético.
Entretanto, numa nota interna a que a agência Lusa teve acesso, a Galp disse hoje aos trabalhadores que a decisão de descontinuar a refinação em Matosinhos é “complexa e difícil” e ocorreu “depois de muita ponderação”, mas torna-se “inevitável em face da ausência de resiliência e sustentabilidade” do atual contexto.
Segundo a empresa, ao longo dos últimos meses foram desenvolvidos vários estudos e testadas alternativas para o desenvolvimento e a adaptação do aparelho refinador aos desafios regulatórios, incluindo fiscais e parafiscais, de mercado e tecnológicos que emergem do atual contexto.
“Analisadas as diversas opções e ponderados os impactos supervenientes, foi decidido concentrar a atividade de refinação na Refinaria de Sines, dando início ao processo de descontinuação das operações de produção da Refinaria de Matosinhos, mas mantendo a sua atividade enquanto infraestrutura logística”, indica.
No passado dia 11, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente (Site-Norte) tinha alertado para a “incerteza” quanto ao futuro da refinaria de Matosinhos, onde a produção de combustíveis está suspensa “indeterminadamente” e a monobóia desativada.