O presidente executivo da ANA - Aeroportos de Portugal, Therry Ligonnière, recusou que a pandemia tenha retirado argumentos à necessidade de Lisboa ter um novo aeroporto, afirmando que até as reforçou.
Ouvido esta terça-feira na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença Covid-19 e do processo de recuperação económica e social, Therry Ligonnière lembrou que a IATA perspetiva que o setor da aviação recupere para os níveis pré-pandemia em 2024/2025, pelo que Portugal não pode "perder tempo", uma vez que mesmo que começasse agora a concretizar a nova solução aeroportuária para Lisboa, esta já só ficará concluída em 2026, "talvez 2027".
E recusou que a pandemia tenha retirado argumentos à ANA, relativamente à opção Montijo: "Antes pelo contrário. Os argumentos que já eram válidos antes da crise ainda são válidos", referiu, acentuando que quando há mais pressão económica sobre todos os atores do transporte aéreo, dificilmente os passageiros e as companhias estarão dispostos a pagar mais taxas ou os contribuintes a pagar mais impostos para financiar o investimento necessário.
Neste contexto, referiu, "mais do que nunca é preciso encontrar soluções bem dimensionadas, adaptadas ao contexto em que vivemos".
O gestor refutou ainda a ideia de que a ANA tenha preferência por uma ou por outra solução, porque em ambas terá de haver um reequilíbrio económico da concessão e "sendo com a solução A ou com a solução B, não deixa de ser um reequilíbrio".
A Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) indeferiu, em 02 de março, o pedido de apreciação prévia de viabilidade da construção do aeroporto na base aérea do Montijo, devido ao parecer negativo das câmaras municipais do Seixal e da Moita e a não emissão de parecer por Alcochete.
Na sequência da decisão, o Governo anunciou que iria avançar com a realização de um processo de Avaliação Ambiental Estratégica a três soluções para reforço da capacidade aeroportuária em Lisboa, voltando a estar em cima da mesa a localização Alcochete.
Durante a audição, os deputados questionaram ainda o presidente executivo (CEO) da ANA sobre o plano de redução de trabalhadores que tem em marcha, tendo o gestor referido que se trata de um programa de saídas "totalmente voluntário, sem pressões [sobre os trabalhadores]", ao abrigo do qual já saíram 82 pessoas.
O objetivo acrescentou, é chegar às 170 pessoas, mas na base de rescisões voluntárias.