A justiça francesa abriu um inquérito contra o presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF), Noel Le Graet, por assédio moral e sexual, informou esta terça-feira o Ministério Público de Paris, citado pela AFP.
A investigação surge na sequência do depoimento de Sonia Souid, representante de vários jogadores internacionais franceses, que na semana passada lançou várias acusações contra Le Graet, presidente da FFF desde 2011 mas cujo afastamento do cargo já foi aprovado pelo organismo.
“Disse-me na cara, no apartamento dele, muito claramente, que se pretendia contar com a sua ajuda teria de ‘ir para a panela’ [expressão francesa, que significa, entre outras, a obrigatoriedade de aceitar um ato sexual]”, revelou Souid, em entrevista ao diário desportivo "L'Équipe" e à rádio "RMC".
O inquérito a Le Graet foi aberto após a audição da agente por elementos da Inspeção-Geral da Educação, Desporto e Investigação, menos de uma semana após a decisão do Comité Executivo da FFF de afastar o líder federativo. Foi substituído de forma interina pelo vice-presidente Philippe Diallo.
Le Graet, de 81 anos, cujo mandato terminaria em 2024, não resistiu a mais uma polémica.
Zidane foi o último de um longo historial de episódios
O presidente da FFF também tem estado debaixo de fogo após declarações efetuadas sobre Zinedine Zidane, que o próprio reconheceu terem sido “desajustadas” e que motivaram a intervenção da ministra francesa dos Desportos, Amélie Oudéa-Castera.
A 8 de janeiro, pouco depois de a FFF ter prolongado até 2026 o contrato com o selecionador, Didier Deschamps, Le Graet afirmou que, se Zidane tentasse falar-lhe acerca do cargo, "nem falaria com ele".
"O que lhe iria dizer? Provavelmente: 'Olá senhor, não se incomode, procure outro clube. Acabei de acertar tudo com Didier [Deschamps]'”, afirmou, em entrevista à rádio "RMC".
No dia seguinte, pediu desculpa ao treinador, considerado um dos melhores jogadores franceses de sempre.
O longo consulado de Le Graet ficou marcado por várias polémicas, com comentários racistas e homofóbicos, além de alegados comportamentos sexistas. O líder federativo deveria disputar com Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, a candidatura da UEFA a um lugar no Conselho da FIFA.